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Mostrando postagens de setembro, 2021

Metamorfoses

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  Quando se perde referenciais de convivência pela justaposição de finalidades, outros caminhos são gerados. Essa transformação é criadora. É como a fusão de qualidades: juntar amarelo com azul cria o verde. A nova cor, a nova forma, a nova ordem é integradora de semelhanças e dessemelhanças. Observa-se sempre uma parte em comum: o básico estruturante que permite integração. Não havendo essa estrutura, ou seja, havendo fragmentação, não pode surgir integração. O todo não é a soma de suas partes. Aparências na justaposição são evidentes. Isso obviamente tanto se aplica à individualidade humana, quanto aos agrupamentos humanos. A despersonalização, a inautenticidade expressam sobreposições, conveniências e problemas. Associações com esses referenciais são híbridos, máquinas de guerra, máquinas para relacionamento, exercício de finalidades mas de núcleo vazio, fragmentos dissociados. Seres humanos quando se aceitam, coesos em seu exercício de possibilidades, ultrapassam necessidades e con

Sem medir, sem contar

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  Não avaliar, não pesar, estar com o outro, com o que acontece independente da avaliação, da verificação de valores e vantagens é humanizador. Nos relacionamentos humanos acumular, ter o pedaço maior ou o que avalia como o melhor, nada significa pois seis é um acréscimo de uns, de dois etc. a quantidade não expressa a felicidade, não a esgota, nem define. Perceber o outro, o mundo por meio de limites valorativos estabelece preconceitos. É essa discriminação que alija o outro. É ela que cria conceitos cruéis de inferior, superior, melhor, pior. Atualmente, o dinheiro e o poder são os padrões métricos do ter. As pessoas são avaliadas, são consideradas boas, ruins, superiores, inferiores a depender do que têm. O ser foi diluído, encoberto, transformado pelo ter, essa velha constatação - ser x ter - diariamente assume novas formas desumanizadoras. Avaliar é a chave mestra que tudo codifica e destrói. Nessa codificação existem as pessoas de bem (ricas), as de mal (pobres), as confiáveis (d

Estabilidade

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  Qualquer situação é passível de estabilizar ou desestabilizar. As diferenças decorrem das participações. Ao conviver com o que infelicita e corrompe se consegue dizer não ou se acomodar. Ao negar, contradizer o que aliena e infelicita se estabelece negação e contradição responsáveis por nova direção. Nos relacionamentos familiares e profissionais isso é constante. Não questionar, se omitir, se acomodar em função de medos, vantagens, desvantagens ou desajuste oprime. Cada situação que causa estranheza, deve ser questionada. Só assim percebemos que é melhor mudá-las ou que é melhor  transformar nossas atitudes em relação às mesmas. Odiar a casa que se mora, desejar outro chefe, querer amigos mais prestativos são indicadores de não aceitação e metas frustradas. Perceber as próprias insatisfações e frustrações amplia as possibilidades de se sentir melhor com o que está diante de si, tanto quanto cria a urgência de transformá-las. O bem-estar, a tranquilidade dependem da estabilidade. Ess

Aceitação do que ocorre

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  Aceitar o que ocorre, mesmo quando limitador e opressivo, é o que permite ultrapassar antagonismos. Aceitar é o ponto de apoio, o fulcro a partir do qual as situações são modificadas, transformadas. Situações cruéis e extremas, tais como descobrir que o amigo é o inimigo que ameaça, que o pai é o violentador, ou que é a própria mãe quem propicia sua venda ao próximo caminhoneiro por exemplo, tais situações fazem com que se mude de atitude quando se aceita a percepção de que não existe mais o amigo, o pai, a mãe. O que existe são lobos em pele de ovelha, que despistam suas ações perversas na corrida para conseguir seus objetivos. Nessa percepção, o chão, a terra desabam. Essa mudança, a aceitação do que ocorre, perceber que o pai é o monstro que ameaça (no exemplo acima) permite que se lute, fuja, denuncie, enfim, que seja tomada outra atitude. Enfrentar a crueldade do outro é possibilitador de mudança e o enfrentamento só é possível quando se aceita a realidade percebida. Se acomodar

Nada além do que se vivencia

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  Nada além do que se vivencia, essa aparente pontualização, nada mais é que a total vivência de estar no presente contextualizado no próprio presente. A vivência do presente contextualizada no presente é característica da infância feliz (cada vez mais inexistente, pois invadida pelas regras e normas de utilidades, vantagens e necessidades). É também frequente, embora fugaz, nas vivências afetivas nas quais, pela intimidade, pelo prazer se é cercado por um turbilhão circunstancializador. São cada vez mais raras essas vivências, pois as expectativas de resultado, o medo de ser rejeitado, tanto quanto os anseios de conquistas interferem nas vivências do presente. Criam ilhas de expectativas e os recursos apelativos de performances e imagens voltadas para conseguir realizações geram simulacros, escondendo o que se é e revelando outros aspectos considerados aceitáveis e irreprováveis. Sem vivenciar o presente contextualizado no presente são construídas paredes protetoras, que são também as