Prudência (2)
Atitudes prudentes são sempre expressões, até mesmo sintomas, de medo ou de coragem. Essa dualidade antagônica pode ser entendida quando se configura o prolongamento do ponto que unifica a contradição. A cautela que caracteriza a prudência pode estar encobrindo medos e ambições ou impulsionando coragem e transformações. Ter uma meta, objetivo ou sonho desvinculado da própria realidade e contextos estruturantes, obriga à busca de apoios, sejam como empréstimo ou adoção. Pedir, conseguir o empréstimo nem sempre é fácil, requer astúcia fantasiada de prudência. O astucioso tem sempre medo de ter seus objetivos descobertos. Seus propósitos, se revelados, fracassam, e assim seriam negados ou imitados; daí astucia, medo, covardia, prudência serem seus aliados, seus instrumentos, suas armas de guerra. Quanto maior a prudência, maior a possibilidade de conseguir, de enganar. Prudência diante do emaranhado de desvios, das nuances arbitrarias que impedem a livre realização da auton