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Mostrando postagens de abril, 2019

Prudência (2)

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Atitudes prudentes são sempre expressões, até mesmo sintomas, de medo ou de coragem. Essa dualidade antagônica pode ser entendida quando se configura o prolongamento do ponto que unifica a contradição. A cautela que caracteriza a prudência pode estar encobrindo medos e ambições ou impulsionando coragem e transformações. Ter uma meta, objetivo ou sonho desvinculado da própria realidade e contextos estruturantes, obriga à busca de apoios, sejam como empréstimo ou adoção. Pedir, conseguir o empréstimo nem sempre é fácil, requer astúcia fantasiada de prudência. O astucioso tem sempre medo de ter seus objetivos descobertos. Seus propósitos, se revelados, fracassam, e assim seriam negados ou imitados; daí astucia, medo, covardia, prudência serem seus aliados, seus instrumentos, suas armas de guerra. Quanto maior a prudência, maior a possibilidade de conseguir, de enganar. Prudência diante do emaranhado de desvios, das nuances arbitrarias que impedem a livre realização da auton

Perseverança

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Perseverança é vista como a chave mestra que permite tudo realizar ou é a ideia fixa, o esquema régio para ocupar o vazio, manter ilusão e dizer: “ainda chego lá, chegarei com certeza” . A diferença entre o que esvazia e o que completa, entre o que realiza e o que aniquila é dada pelas atitudes que o indivíduo mantém frente aos processos, ao mundo e à vida. Viver em função dos próprios desejos e sonhos é aniquilador, impermeabiliza e transforma o outro, a realidade, em objetos que devem ser capturados, adquiridos, roubados para a própria satisfação. Viver disponível e sintonizado com as próprias motivações - com um contexto - a realidade que as abriga ou exila, é, a cada momento, a cada acontecimento, ser orientado, ter caminhos indicados onde se estabelece trilhas para realizar ou impedir propósitos. Perceber essas indicações, entender seus sins e nãos possibilita mudança, acertos e erros. A trilha dos processos sempre possibilita soluções, seja levando a atingir o

Critérios e definições

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Como saber o que é certo, como definir o que é errado? Ter critérios e entendimento das situações exige questionamentos e disponibilidade para o que ocorre. Quanto mais referenciado nas próprias regras, vontades e aprendizados, sejam educacionais, sejam os da vida, mais impermeabilização ao que ocorre e assim só se percebe o que ocorre em função das próprias demandas, regras, medos e expectativas. Perceber o mundo, perceber o outro, perceber a si mesmo é o constante contínuo que arrebata e arrasta, diluindo certezas e dúvidas. Estar presente, estar diante do que ocorre é mágico, pois arrebata e traz novas configurações. Estar autorreferenciado, olhando para os próprios pés, para o próprio umbigo, para si mesmo é um artifício que coloca o indivíduo de costas, de olhos fechados e ouvidos obturados diante do que ocorre, do que acontece. A disponibilidade faz o encontro e esse estabelece verdades, mentiras e dúvidas. Essas revelações estabelecem critérios e assim são definidas e

Paciência

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Paciência é a grande virtude, segundo os religiosos e os mais diversos mestres. Paciência é também a atitude régia para esconder desejos não realizados, medos e vontades inconfessáveis. Ter paciência é uma maneira de não abrir mão dos propósitos ao constatar limites e impossibilidades. Esse regatear, negociar com a realidade, cria medrosos, covardes e ambiciosos. A ideia de que algum dia tudo se realizará dissimula vacilação e insegurança. Paciência é submissão e passividade diante de contradições. É a criação de mais um passo, mais uma etapa antes de concluir sobre as próprias incapacidades e frustrações. Esperar é delegar, é começar a corroer autonomia e decisão. Instalar-se no “quem espera sempre alcança” é lançar mão de paciência, gerando expectativa, criando e mantendo ansiedades. Renunciar aos desejos, ao constatar a impossibilidade de realização dos mesmos, se constitui em um caminho mais válido para instaurar autonomia. Paciência como ideia fixa é responsável pe