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Mostrando postagens de outubro, 2022

Reações articuladas - espontaneidade e propósitos

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Agir ou reagir ao que acontece vai caracterizar atitudes espontâneas ou premeditadas. Em determinados contextos as reações aos acontecimentos são espontâneas: é o grito, a imprecação, a dor ao sentir o contato com o prego, com um caco de vidro ou uma topada em uma pedra, por exemplo. É espontâneo também a alegria ao encontrar alguém que se ama, ou o enfado diante de alguém que todo dia quer " contar um caso ", pedir uma ajuda, reclamar da própria sorte, do azar que julga caracterizar seu cotidiano. A espontaneidade dessas reações quase caracteriza o que se convenciona chamar de reação a estímulo, responsável pela abordagem determinante do condicionamento feita por behavioristas que esquematizaram as condições nas quais se estabelecem padrões de resposta, como vemos no condicionamento clássico de Pavlov e também no condicionamento operante de Skinner: "ao chegar diante do espelho ouço, vejo que ele me pede para escovar os dentes" . É assim que funciona toda a indústr

Estigmas

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    Estigma é a marca estruturada por preconceitos. É a predeterminação, a criação de categorias, de conceitos que se transformam em dogmas e a partir dos quais tudo é entendido e até mesmo digerido. Transformar um sinal físico em sinônimo de maldade, por exemplo, é uma atitude que atropela, engole ou destrói. Ao longo dos séculos proliferaram os estigmas tanto para o bem como para o mal. Ser pobre, ser rico, ser mulher, ser homem, ser branco, ser negro estabelecia critérios a partir dos quais o mundo e os relacionamentos eram configurados e entendidos. Quanto mais inclusivas se tornam as sociedades, mais os estigmas desaparecem. Há lugar e sentido para todos. Entre católicos se costuma dizer que "todos são filhos de Deus" e podem ser incluídos desde que sejam batizados, crismados etc. e isso neutraliza vários estigmas apesar de criar outro: é solucionador de controles, por um lado, derrubando muros separatistas, mas, por outro lado faz surgir os bons, diferenciando-os dos í

Mecânica dos mecanismos

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  No contexto do que é programado e mecanizado, se consideramos as engrenagens, uma parada inesperada do mecanismo possibilita o surgimento do que é espontâneo, ou seja, do não programado. Pensar a espontaneidade a partir da interrupção de programações anteriores contingencia o que é espontâneo, define-o como o não mecânico. Ser não mecânico e ainda estar contido nos mecanismos sistematizadores do mecânico é de extrema complexidade. Pensar o que é espontâneo independente de seus contextos é quase impossível, pois o espontâneo em relação a B pode ser o mecânico em relação a A. O que é espontâneo enquanto tal requer outros referenciais para ser apreendido. Seria o que salta aos olhos? De onde vem, de onde parte? É o que está contido em um outro referencial? É um antes? Um depois? Ou uma contingência transformada em contexto a partir do qual tudo agora é percebido? Terremotos e inundações, por exemplo, quebram os sistemas e seus sistematizadores. Criam outras configurações, outras ordens

Manipulação e mentira

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  Mentir é buscar se proteger da verdade, da realidade vivenciada. Saber que o que se faz é, no mínimo, criticável e não aceito, às vezes até criminoso, faz com que algumas pessoas procurem esconder ou despistar. A mentira é o álibi perfeito buscado para confundir os outros. Esse processo de confundir outras pessoas embaralha pistas para que não se perceba o que realmente está ocorrendo. Acreditar que a mentira é uma das formas mais simples de enganar os outros é parcialização dos processos. Quando se mente, se apaga rastros, se sonega verdades, se solapa evidências, criando, assim, outras evidências, outras verdades. Mentir é destruir acesso ao que aconteceu e ao que está acontecendo. Essa alteração de fenômenos sempre satisfaz a alguém ou a alguma ordem que se empenha a manter. As mentiras sociais e políticas, muitas vezes adiam processos históricos iminentes, outras vezes criam inclusive guerras destruidoras de nações e indivíduos. Nas famílias, nas esferas mais íntimas, mentir e o