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Mostrando postagens de maio, 2023

Fugir de "zebras" e erros

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  Buscar resultados, correr para garantir o que virá para o "futuro bom e legal" é quase equivalente a fazer tudo para se amarrar em um poste, um porto seguro que sustenta e ampara. Olhar para frente, olhar para trás e para os lados, tudo tocar e perceber é um quadro preenchido de informações, mas é também o que anula, o que faz perder o presente e presenças. Captar dados e colher informações abastece para lutas, para decisões, mas nos faz viver para objetivos graças a situações armazenadas, anteriormente estabelecidas. Quando a vida é difícil, não é a luta, o chegar ao local ameno, ao oásis ou paraíso que traz mudança. A mudança está em perceber porque as contradições não foram resolvidas, porque as perguntas surgem. O que traz mudança é a categorização do desespero e das falhas. Entretanto esse movimento de restauração, de reconfiguração, de retorno é quase impossível. De olhos vendados, com caminhos bombardeados, não adianta se agarrar em qualquer coisa que se acredita ou

Agarrar-se em si mesmo

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  Agarrar-se em si mesmo, geralmente é a salvação buscada para enfrentar frustrações, é a segurança inquestionável, mas é também a conclusão gerada pelo autorreferenciamento devido a sonegação dos fatos, das evidências, e tudo isso causado pelo desespero da ilusão de negar o presente. Quando se transforma o si mesmo em outro, se inicia delírios, faz-de-conta e motivações para esconderijo de ambições e invejas. É desesperante se dividir em outro para se suportar. A famosa vivência expressa em: "ninguém me entende melhor, me ajuda mais que eu próprio" , mesmo que verdadeira foi gerada por mutilação, destruição, quando o indivíduo se transforma em outro para conseguir ser ele próprio. É um processo nefasto, despersonalizador. Abrir mão do que mais nos define, mais nos é caro, mais nos satisfaz, pois atrapalha nossos planos e ambições, despersonaliza. Toda vez que tal encruzilhada surge é fundamental reabrir caminhos, ultrapassar confluências para que as decisões não sejam delimi

Neutralização de possibilidades

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  O propósito de atingir uma meta, ou seja, o desejo, aliena. Estar voltado para o ponto almejado anula, secciona e transforma o depois em agora. Essa mágica, essa contravenção, destitui o indivíduo de seus nutrientes, principalmente o presente, que o delimita, o configura, o situa. O pulo para o futuro, para o depois, para o que se ambiciona ou precisa é sempre destruidor, pois transforma o ser humano em cuidador, curador de massas falidas, de pódios almejados. Abrir mão do que acontece no presente por ser desagradável e frustrante é começar a construção de prisões, "cercadinhos", que além de enjaularem, delimitarem realidades ao servirem de trampolim para realizar ambições, obrigam ao desgastante caminhar e correr nos abismos criados pelas insatisfações. Exemplos cotidianos são vistos na espera e busca de um braço forte, do apoio que tudo suporta, do amor ou encontro que iluminará a existência. A espera desespera, pois estar esvaziado do presente é uma vivência na qual nada

A guerra embrutece

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Duelo com Mocas, de Francisco Goya, Museu do Prado, Madri Recentemente assisti o filme "Nada de Novo no Front" e é nítido como a guerra embrutece e como o desespero leva o ser humano às últimas consequências. O filme mostra o resumo completo e final da destruição dos homens pelos homens, que se destroem apenas por estarem em lados, regiões, países diferentes. Não é só na guerra que existe embrutecimento. Ele é diário, cotidiano. O indivíduo despersonalizado, autorreferenciado, por exemplo, por sua não aceitação desenvolve metas de ser rico, ser famoso, ser amado, acreditando que assim será aceito. Em função desses "grandes propósitos" tudo é construído e destruído, pois o que atrapalha propósitos e projetos não deve existir. Nesse contexto, é muito comum o embrutecimento, e assim filhos são abandonados, pais octogenários são dispensados ou incinerados nas piras do "melhor cuidado". A ideia de que a vida deve continuar, o show não pode parar é embrutecedor