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Mostrando postagens de agosto, 2012

Coragem

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Três principais acepções caracterizam o que se pensa ser coragem: heroismo, salto no escuro e destemor. Um denominador comum das mesmas é a rapidez da ação, a não avaliação, a espontaneidade, enfim, o ato presente cuja implicação pode trazer alívio, mudança, liberdade, ato que se caracteriza pelo perigo, pelo risco. O corajoso é o herói, o destemido, o desapegado até da própria vida. Em contextos massificados, coordenados para vantagens e utilidades, é cada vez mais difícil encontrarmos corajosos. Para ter coragem basta ser honesto, nada difícil, nem impossível. Mesmo nas estruturas neuróticas, mesmo nos processos de não aceitação, a honestidade, a coragem surgem quando se aceita que não se aceita e se age conforme isto. É honestidade, por exemplo, não continuar nas fileiras de um grupo, uma agremiação, uma sociedade religiosa, quando se percebe motivações e ajustes de conveniência. Romper acertos, quebrar compromissos, mudar paradigmas, renunciar às vantagens do lucro que su

Impaciência é indignação

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Nem sempre impaciência é indignação, mas no contexto de cooptação, imagem e faz de conta, indignar-se, irritar-se, não concordar e lutar pelo que se discorda é atitude denunciante da acomodação sacramentada pelo politicamente correto. Faz diferença dizer não, faz diferença dizer sim. Enfrentar combinações, regras e leis pode ser perturbador, mas é também questionador. Tudo que é explicado pode ser uma revelação, tanto quanto a explicação pode ser uma maneira de esconder o que não se quer que seja percebido. Na intimidade do lar, no seio da família, quebrar o silêncio característico das omissões é visto como sinônimo de violentação à harmonia. Da mesma forma, estar bem com o colega de profissão, os pares corruptos e que abusam dos poderes profissionais é manter posicionamento que evita indignação, que ajuda a sobreviver. Muitas pessoas são prejudicadas para que se mantenham ajustes, mentiras e conveniências. Impotentes para mudar, para denunciar, resta a estes indivíduos aceit

Fissuras e revelações

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Toda descontinuidade, divide, cria separações. Quebras, rachaduras podem ser consertadas gerando o que se constitui em disfarce do que foi dividido. Terceiros fatores, outras variáveis, normalmente revelam estas emendas. Situações reveladas e desmascaradas sempre existiram. Não há como controlar o inevitável: a dinâmica relacional que subverte e questiona posicionamentos. Os contextos relacionais, as contenções, as irregularidades não revelam as estruturas comprometidas pela divisão mas explicitam os limites possíveis do estar bem. Adaptação, desadaptação ao limite do outro expõem dificuldades, acertos e negociações realizadas para manutenção da boa ordem familiar, do emprego conseguido, do status almejado, por exemplo. Consertar é reestruturar, mas quando acontece como uma emenda, arrumação e disfarce se constitui em um limite. Disfarces não resistem às transformações; são contextos onde é impossível tirar implicações do que ocorre quando esta ocorrência está mantida den

Coação e acertos

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Amedrontar, ameaçar são ferramentas muito usadas para conseguir realizar objetivos autorreferenciados. O exercício desta técnica exige criação de artifícios (imagens geralmente vistas como positivas) e armadilhas (manipulação dos desejos e metas do outro). Encontramos coação não só na esfera criminosa, mas também na esfera da legalidade, nas casas, nos escritórios, nas escolas. Historicamente as mulheres, com a meta do príncipe encantado, do casamento, são presas fáceis: se deixam seduzir e enganar, fazem qualquer negócio, arriscam qualquer coisa para realizar a meta. Realizada, vem o vazio - não têm mais onde se sustentar. Amarradas, penduradas nas vantagens conseguidas, suportam todos os massacres para manter o sonho realizado, agora frustrado. Este paradoxo só pode ser vivenciado na divisão; esta frustração diária, os maltratos sofridos - físicos e psíquicos - são considerados acasos, acidentes, não fazem parte do processo: são vistos como acidentes causados por inveja dos ami

Zumbis

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Zumbis são os mortos-vivos, os fantasmas que povoam alguns deslocamentos específicos da não aceitação, da perversão. Como entender perversões, crueldades extremas, enganos, mentiras que nos remetem a uma esfera de desumanidade desconcertante? Mortos-vivos podem ser os amigos, os semelhantes, qualquer um que fabrique imagens, coberturas para esconder seu vazio, sua ganância, seus medos, suas não aceitações. Não se aceitar, não aceitar que não se aceita, requer uma série de estratégias para conseguir realizar metas e desejos, desde simples posturas e hábitos civilizados até o engano, a mentira, o uso sistemático dos desejos, das metas e necessidades, enfim, das neuroses de seus interlocutores. Na não aceitação dos próprios limites e dificuldades, a única coisa que interessa é conseguir cobrir as próprias fraquezas, consideradas feridas incuráveis. Sentindo-se monstros, mortos-vivos e vazios, vestem-se de humanos, conseguindo assim matéria-prima para sobreviver, para sen