O ser que é não ser
Nas sociedades, famílias e grupos onde as diferenças não são acatadas e aceitas, são criadas uma série de graduações e maneiras de lidar com o díspar; são ferramentas próprias para aplainar diferenças, aparar farpas; são bitolas mais amplas ou mais estreitas. Estas atitudes ficam refletidas na linguagem cotidiana, das ruas às academias, das salas de jantar ao noticiário de TV, onde ouvimos: “o índio ideal é o índio um pouco civilizado, consequentemente o índio que não é índio mesmo” ; “o pobre educado, gentil é perfeito, é o pobre que não é pobre mesmo” . Tudo isto nos lembra o antigo dito escravocrata “negro de alma branca” e a idéia do bom selvagem (visão colonialista e etnocêntrica). Graduações são sempre baseadas em referências de completo/incompleto, inteiro/dividido, implicitamente bom, ruim, verdadeiro, falso. A pureza alegada, a construção “índio mesmo” , por exemplo, é uma rotulação que impede contato. Assim, tem que ter mistura de vivências para que haja invasão, mudan