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Mostrando postagens de junho, 2024

Entendimento, desentendimento e diálogo

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    Dialogar, conversar sobre é sempre resultado de estruturas individuais, de suas percepções, conhecimento e categorizações. Nesse sentido podemos contextualizar o diálogo nas dimensões de quem conversa e sobre o que se conversa. O outro pode estar dividido, recortado em muitos pedaços, submerso em seus medos, dúvidas, culpas, esperanças e em suas não aceitações, ou pode estar inteiro direcionado para transcender limites que são obstáculos. Os termos, os motivos do diálogo, podem se constituir em repetições, sublinhamento do que ocorre, tanto quanto no levantar de dados, configuração que possa aplanar ou intensificar divergências. Dialogar é explicitar pensamentos, é resumir percepções, assim como pode ser o “criatório de iscas” usadas para buscar alimentos, informações, caça de ideias, busca de comprometimento. Dialogar pode significar encontro, mas também pode ser busca de pontes, artifícios para restaurar o interrompido, a comunicação suspensa. Nesse sentido di

Andar devagarinho

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    Sentir muito medo, sentir-se sozinho, não ver perspectivas pois tudo é escuro é a preocupação constante na vida de certos indivíduos. Medo é omissão e isso não é um prévio, um “instinto”, uma “emoção inconsciente”. Medo é o que se sente quando nada se percebe, a não ser o nada saber, nada estar claro. É caminhar com muita dificuldade, sem apoio, sem muletas, sem lanternas, sem guias. Essa omissão, esse ser à margem do mundo é frequente nos considerados indivíduos autistas, como também é explícito na insegurança cheia de metas e propósitos dos indivíduos que não se aceitam e querem ser aceitos. Não sabem como andar, para onde ir, o que fazer, e caem na omissão. É melhor ficar parado, abrir a boca para o mundo e esperar ajuda, apoio, comida, migalhas. É a imobilidade do que não sabe o que fazer, assim como a do que tudo espera. Não cair, não tropeçar, não ter que gritar, que uivar é o que importa. Quanto mais regras, mais expectativas, mais desencontros no vácuo

Pilares contraditórios

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      “Não chame atenção, faça tudo para não causar inveja, medo, raiva”. “Brilhe, chame atenção, ocupe seu lugar, seja o melhor, o mais valorizado”.   Culturas, comunidades, famílias em geral são sustentadas e esmagadas por esses dois pilares. Desde as linhas de produção econômica, desde as defesas e conquistas territoriais, até os núcleos íntimos estruturantes das comunidades, das famílias ou ainda do indivíduo com ele próprio, os limites são essas orientações antagônicas. Evite e lute, esconda e mostre. Antagonismos básicos, crivos dilacerantes cortando em pedaços a vida desses seres. Desse modo o que se ensina é fingir, garantir o devido, não perder oportunidades. Estar sempre apto para aproveitar é “não deixar passar o cavalo selado” . Essa divisão é a cisão dos processos individualizantes. À depender de como se vivencia essas contradições, as divisões podem ser inúmeras, como podem também ficar reduzidas a quatro, duas divisões. Conflitos, desperson

Imposições

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    Geralmente o encontro funciona como imposição, seja no sentido da continuidade, seja na configuração do obstáculo que destrói ou muda as situações. É a pedra no caminho falada pelo poeta Drummond.   Mudança de rumo, descoberta de congruência, validação de motivação, enxurrada de novidades, aberturas infinitas começam com encontros. Os encontros também podem oferecer próximos passos abismais, engolidores de motivações, propósitos e verdades. O encontro sempre transforma, é como uma reação química que muda a estrutura dos corpos, das substâncias, dos elementos químicos. É a irreversibilidade, pois o ser tocado é propiciador de mudança e de descoberta. Reunifica antíteses, transforma teses, que são continuadas em outros contextos em níveis diversos. A diferença entre os valorativos: encontro bom, encontro ruim, encontro construtivo, encontro abismal, dependerá das estruturas de disponibilidade ou de compromisso que estão em jogo, que estão se deparando para