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Mostrando postagens de dezembro, 2013

Erro trágico e peripécias

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Tudo que é avaliado, medido implica sempre em erro ou acerto. Certas situações são tão óbvias que delas só deveriam resultar acertos, mas, mesmo quando se tenta "agir corretamente", sem questionamentos e sem globalizações se incorre em erro, que em alguns casos pode ser um erro trágico. Shakespeare, em o Rei Lear, retrata magistralmente o erro do soberano ao trabalhar com o óbvio e o evidente. Obviedade, evidência são recortes parcializantes do existente, recortes integrados nas estruturas das próprias avaliações (autorreferenciamento). O que se destaca só é globalizado quando percebido em função de seus dados estruturais (presente percebido no contexto do presente). O Rei Lear achava que duas de suas filhas expressavam amor filial quando escolheram o que queriam na divisão de seu reino; a outra filha, Cordélia, expressava desconsideração quando apenas se propôs a receber o que a ela se destinasse, afirmando que o amava "como corresponde a uma filha, nada mais, nad

Mídia e poder

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Os mecanismos para mudar podem ser tão alienantes quanto os mecanismos de manutenção. A regra ou a imposição do “feliz natal” por exemplo, é uma forma de arregimentar ilusão, polarizar fragmentação em função de cruzadas midiáticas, consumistas ainda que solidarizantes. Propalar felicidade, liberdade ou atitudes de mudança e afirmação é iludir, é criar expectativas, vendendo de produtos a governos. Na pós-modernidade, o conhecimento, o saber é um produto que tem preço, consequentemente estrutura a pirâmide do poder, substituindo ideários e ideologias, reforçando títeres, comunidades e partidos: facções responsáveis pelo empoderamento e entesouramento a partir das demandas sociais. Oficialização e credibilidade de ocorrências, pouco tempo atrás eram validadas pela constatação do “Deu na TV, saiu no jornal, é fato” ; este referencial começa a ser falsificado, manipulado; os selos de garantia se ampliam. O selo, a embalagem, validam o produto. Nas redes sociais, por exemplo,

Harmonia

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O sentido da impermanência, da finitude, só é aceito sem divisões através da coerência. Coerência é ultrapassar divisões, é, detendo-se no instante, transcendê-lo pela ultrapassagem dos limites, pela ultrapassagem dos propósitos. Neste sentido, coerência é iluminação, é destruição de sombras criadoras de espaços, de finitudes arbitrárias. Diante do outro, do dado, sem linhas de convergência ou de divergência, neutralizam-se direções, polaridades. É o equivalente do equilíbrio da chama da vela falado pelos iogues: impermanente e sutil. Esta vivência do presente continuamente presente é o que permite unidade. Sem divisão não há constatação, não há avaliação, existe apenas conhecimento, fruição da permanente impermanência, da continuidade do estar no mundo. Ser com o outro é o único definidor. Estar desvinculado de tudo e integrar-se no vivenciado é o que permite vida, sensibilidade, conhecimento. Sem esta vivência, a possibilidade humana é drenada nas contingências: vivifica co

Nada se esgota em si mesmo

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É verdade, mas as coisas se esgotam em si mesmas enquanto vivência; esta inevitabilidade é transformada pelos contextos, pelos processos. A continuidade, o relacional é o processo, o movimento, a dinâmica do estar no mundo. O que é feito, o que é realizado é único enquanto vivência, mas estabelece diferenciações, significados, deixa marcas. São as implicações, as resultantes, as decorrências no sentido da continuidade processual. Não é causa, não é efeito, são momentos, passagens e paisagens diferenciadas e diferenciadoras. No âmbito individual, tudo isto poderia ser relacionado ao processo de memória. Memória não é apenas um receptáculo de vivências, é também o start , o início de novas cogitações e considerações. A memória individualiza à medida que constrói, que estabelece o eu, o ego, referencial de individualização enquanto vivência - embora sem significação como possibilidade relacional devido a sua característica indicativa de registros e posicionamentos. Quando, à partir