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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Atitude

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A psicologia do sec. XIX costumava dividir o homem em intelecto, atividade e vontade (emoção). Atividade se referia a gestos, comportamento motor, significando atitudes. Hoje em dia atitude é um comportamento que frequentemente se exerce, expressando a própria estrutura individual, psicológica, daí ela caracterizar a visão que se tem do mundo, de si mesmo e do outro. Em Psicoterapia Gestaltista, atitude é sinônimo de motivação; para nós também a motivação está sempre no contexto relacional; a motivação não é criada, construida "interiormente" e projetada "exteriormente" como pensam os psicanalistas,  os terapeutas da gestalt therapy e outros. Os gestaltistas, ao discutirem com os behavioristas, argumentavam que se aprendia independente das necessidades ( drives) estarem ou não saciadas. O requiredness , o carater de demanda explicado por Koffka, mostra como o ambiente, a realidade, cria a motivação (os publicitários bem sabem di

Compromisso

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"Os impasses existenciais decorrentes de perceber o mundo, o outro como figura e colocar-se como fundo determinante desta percepção, este autorreferenciamento compromete a existência humana. Setoriza e maquiniza o ser humano, levando-o à corrida desenfreada da manutenção, do querer ser alguma coisa válida, aceita, reconhecida, considerada socialmente. Esta busca-luta, esta alienação, compromete. Surgem os padrões, normas e modelos de comportamento: as metas. Empenhado nesta conquista o homem desumaniza-se, passa a ser reconhecido pelo que o representa, por seus símbolos: carro, roupa, status, virórias, fracassos, sucessos, insucessos. O comprometimento com os rótulos cria a autofagia ou despersonalização, o vazio." * São vários os problemas que surgem da despersonalização, da alienação e um deles é a manutenção, o compromisso. Estar comprometido é índice de alienação, de divisão, fragmentação. Comprometer-se é estabelecer território, marcar presença e fazer acertos

Sobrevivente não questiona

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A imanência do ser humano é biológica. " Essa estrutura biológica está em um lugar, em um tempo com outros seres. Estabelecemos relações percebendo, conhecendo. Perceber é conhecer, perceber que se percebe é categorizar. Essa categorização é o estar consciente de, é o saber que sabe ." * No mundo da sobrevivência tudo converge para a satisfação de necessidades, de desejos. Os julgamentos e valores, neste nível, são binários: bom e ruim, satisfatório e insatisfatório, lucro e prejuízo, eu e outro. A pregnância da imanência biológica desumaniza, não há antítese, consequentemente a dinâmica, a dialética do processo é transformada em paralelas: bom ou ruim, igual ou diferente. Psicologicamente, as vivências são desenvolvidas através de divisões paradoxais: o que apoia oprime, o marido que espanca é o que sustenta, o patrão que explora é o que permite a sobrevivência da família, por exemplo. Estas contradições não possibilitam antíteses, não permitem resultantes pois são med

Adaptação e mudança - aceitação da não aceitação

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Geralmente o adaptado é o posicionado, o que renunciou a qualquer mudança para manter o que conseguiu. Assim vivendo ele é um mediano, é também o que não se aceita medíocre, adaptado. Surgem sintomas e deslocamentos a fim de criar um movimento, uma dinâmica - ainda que ilusória - diante de seus posicionamentos. Movimentos pendulares, ao longo do tempo dividem e fragmentam, estruturando não aceitação de ser o que é, de ter a vida que tem. No processo terapêutico, ao perceber a não aceitação, suas estruturas e implicações, surge a aceitação da não aceitação. É um momento muito importante, é a quebra da adaptação, do posicionamento e o início da mudança. Tudo é novo, diferente, as metas são transformadas em perspectivas, o que gerava vergonha e medo passa a ser questionante de responsabilidade, de participação; inicia-se a mudança responsável pela aceitação. Quando se está preso à idéia de que toda mudança decorre de luta, revolta e desadaptação responsáveis pela transformação social

Por que se distorce? Por que se unilateraliza?

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Ilhados na sobrevivência os seres humanos percebem o que está em volta de si através de valores em função da satisfação ou insatisfação de suas necessidades (demandas). Uma das resultantes imediatas deste processo é a transformação do outro em instrumento, ferramenta, meio para satisfazer desejos (deseja-se o que falta) e necessidades (é o que permite sobreviver). O outro passa a ser caçado e utilizado para apoio e prazer. A distorção é resultante da manutenção de posicionamentos, da quebra da dinâmica relacional do estar no mundo. Inicia-se assim, um processo que se caracteriza por buscar metas, por autorreferenciamento etc enfim, distorção perceptiva, unilateralização. Neste contexto, tudo que se percebe, consequentemente o que se pensa - pensamento é prolongamento da percepção - é binário, mecânico, limitado: é bom? É ruim? Serve? Não serve? Este referencial, esta matriz verifica e avalia tudo que ocorre. Qualquer situação nova vai ser assim examinada. Nada é feito ao acas