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Mostrando postagens de agosto, 2021

Surpresa e cálculos

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  A percepção do que existe, a vivência do presente se torna exequível quando vivenciamos o que está diante de nós como o que está diante de nós. Esse se despir de desejos e significados faz apreender o que se dá, o que acontece enquanto ocorrência. Estar diante do outro, do além de mim, do que me continua, quebra aprisionamentos inclusive os de catalogação e sistematização. É a voragem - essa sucessão -, fluxo de vivências que dá continuidade ao que acontece, ou seja, ao que está acontecendo independente do que significa. Essa continuidade de vivências tudo muda. Via de regra acontece o que pode acontecer e assim nada causa surpresa, nem sai do lugar. As utilidades/inutilidades são os legalizadores do que acontece, do que pode ou não deve acontecer. Atualmente, até a própria morte ou a dos outros é calculada, estabelecida ou evitada. Inúmeras proteções e neutralizações são criadas até mesmo a ideia de morte necessária, utilidade descoberta para evitar desgastes, privações e tristeza.

Apreensão da totalidade

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Ultrapassar os limites da reação mecânica - reflexo dos e aos estímulos desencadeadores de respostas - permite ao indivíduo globalizar os acontecimentos, os fenômenos que ocorrem. A vivência do presente contextualizada no próprio presente, o estar inteiro e voltado para o que ocorre é o que possibilita essa vivência. Quando se está buscando atingir resultados e conclusões, tudo que acontece é conduzido para tais objetivos; sequer se percebe a totalidade das ocorrências, pois elas são segmentadas e utilizadas para o objetivo que se deseja. É a vivência fragmentada na qual a parcialização se transforma em impedimento para a percepção de totalidades. Na esfera individual, o querer realizar desejos é sempre obscurecedor, turva detalhes, deforma características. São clássicos os exemplos entre mestres e discípulos, como o de mostrar a lua para o aprendiz e ter como percepção pregnante por parte dele, o dedo que aponta e não a lua; é a transformação da parte/todo que aliena e exila possibili

O em si

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Kant afirmava que a coisa-em-si jamais poderia ser conhecida, pois não há um absoluto configurador. Para ele, é sempre por meio de outros conceitos, situações ou pessoas que a coisa-em-si é conhecida. Nem sempre os psicólogos pensam nos fundamentos epistemológicos das questões com as quais estão lidando. Para mim, entretanto, a abordagem epistemológica se impõe ao lidar com as estruturas perceptivas na própria prática terapêutica. Entendo que só por meio dos estudos da percepção é possível configurar o Ser, o Eu, o Si mesmo, tanto quanto o medo e a esperança, por exemplo. Não há o em si, não há a coisa-em-si, não há o absoluto, tudo que existe, existe enquanto relação. O estar diante, o estar com, o pensar sobre, o perceber o que ocorre são os dados relacionais que configuram e contextualizam. Não existe o absoluto, ou, o único absoluto é o relativo. Só há sombra se houver luz, morte caso haja vida, enfim, os opostos se continuam, gerando unidades polarizadoras. Os polos são aspectos d

Problemáticas humanas - questões estruturantes VI

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  Ter autonomia é ser gerido, regulado e orientado pelos próprios referenciais de sustentação. Essa é a base relacional, processual que permite vivenciar o que acontece enquanto esclarecimento. É o diálogo com o que se dá, com o que ocorre e que delineia direção e motivação. A globalização desse processo  implica na manutenção da unidade individualizada, fazendo com que não se vivencie o que ocorre em função de referenciais passados ou perspectivas futuras. Estar contido, limitado ao presente é estar sendo esgotado e situado no que acontece. Essa totalização de demandas, de configurações, unifica, pois o vivenciado é açambarcado enquanto possibilidades realizadoras e superadoras da própria vivência. Não se fragmenta em circunstâncias, não se divide em conflitos. Fundamentalmente essa vivência impede a trituração que fragmenta, dispersa e faz ancorar, estacionar nas circunstâncias que aplacam necessidades. Estar coeso, inteiro é o contexto no qual se estrutura autonomia. Exercendo a con