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Mostrando postagens de julho, 2021

Problemáticas humanas - questões estruturantes V

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  Quase a totalidade das pessoas que buscam psicoterapia o fazem para diminuir ou resolver sintomas que atrapalham seu bem-estar na sociedade: angustia, ansiedade, desespero, medo, inibição, insônia, apetite compulsivo, anorexia, desejos sexuais compulsivos e obstinados, por exemplo. Esse tipo de busca psicoterápica já esclarece o que se deseja adquirir, o que se deseja normalizar. Essa escolha - fazer psicoterapia - esconde a chave que tudo explicita: a não aceitação, o não se sentir aceito, o não se aceitar. Essa estrutura de não aceitação é o que é deslocada por meio dos sintomas e aplacá-los promove ajuste, satisfação, mas não transforma as individualidades. Quando não ocorre esse processo de transformação o indivíduo é sedado em suas demandas existenciais e adequado a suas necessidades de sobrevivência. Geralmente as psicoterapias são exercidas como processos educativos que oferecem as melhores possibilidades para exercer antigas e esclerosadas necessidades. Não esquecer que elas

Problemáticas humanas - questões estruturantes IV

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Quando o fundamental é esconder fragilidades - não aceitações -, se busca trocar de pele, de aparência, removendo marcas ou cicatrizes. Sem certeza do sucesso começam as desistências. Os topos, cumes de montanhas, foram alcançados, mas as marés quando mudam, quando crescem, tudo submergem. Ansiedade, tensão, medo, expectativa constroem angustia e o desespero do estar no mundo sem certezas e sem garantias. A única certeza, que é a morte, o final de processo, apavora. Essa desintegração do indicado estabelece depressão, delírios, taras nas quais o outro é usado para aplacar e servir sua impotência, sua degradação enquanto indivíduo. Maldade, crueldade contra os mais fracos são constantes. Submeter e utilizar crianças para os próprios prazeres sexuais - substitutivos do não conseguir se realizar sexualmente -, maltratar e oprimir, são exemplos da incessante repetição da utilização do outro como exercício de poder, de prazer e crueldade. Quanto mais esse processo fragmenta, mais o indivídu

Problemáticas humanas - questões estruturantes III

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Ao se confrontar com os valores culturais se coloca a questão de adequação ou de inadequação. É a verificação, a constatação do estar ou não estar dentro do padrão valorizado. Saber se representa, se significa o que é socialmente considerado bom, melhor e adequado cria escalas de medida, padrões. Caindo em índices inferiores, estando abaixo da média, ou fora da mesma, do que é considerado válido, bom e passível de investimentos e aplausos, o indivíduo se sente subtraído, inferiorizado, mas se amolda, se adapta ao lugar que lhe é destinado. Esse processo é caracterizado por constantes ajustes e desajustes. Buscar adaptação quando se está abaixo do estabelecido como bom constrói pistas de competição onde driblar é uma constante. Nesses casos, parecer ser o que não é passa a ser um despiste fundamental para conseguir sucesso. Truques e muitos recursos são utilizados, tanto quanto um arsenal de comparações é mobilizado. Ostentar o anel de doutor no dedo, ser afilhado da autoridade paroquia

Problemáticas humanas - questões estruturantes II

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  Na neurose, estabelecer direções cria pontualizações e, consequentemente, vitórias e derrotas nada expressam salvo resultados.  Havendo globalização dos processos não importa onde se chega desde que se valorize o caminhar. A vivência, o estar com o outro, o estar consigo mesmo é o que permite descobrir capacidades e incapacidades, acertos e desacertos. Essa descoberta constante decorrente dos encontros, desencontros e impasses estrutura humanidade.  Sair da sua própria realidade ao estabelecer propósitos e metas é sempre esvaziador pois não totaliza, não engloba as diversas possibilidades humanas. Ter sido dragado e engolido por uma direção, mesmo que a mais privilegiada, é anulador de possibilidades. O privilégio de hoje, de ontem ou de amanhã, é uma circunstância aderente e configuradora de valores posicionantes, não é essencial. As circunstâncias são trajetórias, não se constituem como qualitativo definidor do humano. São como pegadas de processos, marca de pés, mas não o caminho,

Problemáticas humanas - questões estruturantes I

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  Toda problemática humana - ou em outras palavras todo comportamento neurótico - decorre da própria pessoa não se aceitar e sempre precisar ser aceita, validada, reconhecida, considerada. Sentir-se subdimensionada, diminuída, incapacitada, diferente do que é considerado agradável e harmônico obriga a uma verificação constante do estar sendo aceita e considerada. Essa frequente avaliação dos resultados de seus comportamentos estrutura o processo de insegurança. Pontualizado em função de resultados o indivíduo é polarizado para evitar falhas e buscar acertos, pois foi educado para conseguir bons resultados, para vencer na vida, superar seus deméritos, suas dificuldades e incapacidades. As vivências de aceitação e de não aceitação decorrem do relacionamento com o outro, inicialmente pais ou quem os esteja substituindo. Frequentemente os filhos são aceitos pelo que significam enquanto realização de sonhos e desejos, medos e temores, consequentemente, educados para repetir vitórias ou supe