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Mostrando postagens de 2014

Vínculos

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Tudo é relação e psicologicamente isso pode ser traduzido como estabelecimento de vínculos. Estar em relação é estar vinculado e quando ocorre em relação a A, deixa de ocorrer em relação a B. Não há sobreposição, ou sempre que tal pareça ocorrer, surgem fragmentações. Estar, por exemplo, em relação com uma pessoa ou situação, em função de outra, é uma transposição que desvincula, pois na sobreposição os elos se quebram. Quebrar e colar é uma constante quando o outro é percebido como objeto de desejo, como meta, como resultado de avaliação: tem a ver comigo, não tem a ver comigo, me é conveniente ou inconveniente etc. Quando digo que tudo é relação, que através da relação perceptiva se estruturam sujeito e objeto, tanto quanto se categorizam as dimensões temporal e espacial, estou afirmando que a percepção é o estrururante relacional. Ao perceber sou sujeito que percebe objetos; ao perceber que percebo sou objeto e o sujeito é a minha percepção. O perceber que percebe é o reconhec

Subterfúgios legitimados

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Cada vez é mais frequente e necessário estabelecer critérios e preferências através de situações validadoras. Isto permite operacionalização, escolhas e garantias. Em um sistema, em uma sociedade que privilegia resultados, inúmeros parâmetros são estabelecidos e essas bitolas permitem separar o adequado do inadequado, o útil do inútil. Valoriza-se títulos institucionalizados que garantem legitimidade de operação. Acontece que quando se arbitra o que é legítimo ou ilegítimo, nega-se processos, pois legítimo é o intrínseco, não pode ser padronizado, e quando o é, por meio de artifícios como as transformações ou as molduras adquiridas pela institucionalização, por exemplo, legitimidade se transforma em selo de garantia, consequentemente, em aderência padronizada e hierarquizadora. Fazer parte de uma instituição não garante ter condições nem habilidades para o que é construído e criado pela instituição. Instituições também sofrem desgastes em seus processos e quanto mais se firma

Impossibilidade do possível

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Perder a vez, não ter conseguido aproveitar o que foi possibilitado, gera constatação de incapacidade, entretanto, nem sempre isto é assim vivenciado. Frequentemente se atribui várias causas, explicações, que vão desde o azar até a interferência do outro pela inveja, etc, tanto quanto pode surgir culpa gerada por deslocamento de não aceitação, onde o indivíduo se sente incapaz, frustrado e prejudicado. Crítica, agressão, desespero, medo e ansiedade são resultantes deste processo de não aceitar perder a vez. O processo de não aceitação de si mesmo, cada vez mais, vai se estruturar em função do que foi perdido, não aproveitado, não recebido. Perder o “grande amor” por medo de enfrentar situações ou, em certas situações, não perceber que a mudança de cidade era o caminho para o enriquecimento em um novo emprego, cria frustrações, verdadeiros quistos esvaziadores de perspectivas e disponibilidade, de vivências de impossibilidade. Impossível é tudo que não foi percebido, que não foi

Lutas e acomodações

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Toda revolta, toda proposta de mudança, toda aceitação, enfim, qualquer comportamento está estruturado em um contexto à partir do qual as situações são percebidas. Perceber o que acontece, perceber o que se deseja, tanto quanto perceber qualquer coisa, implica em um Fundo, em um contexto estruturante * . Neste sentido, as motivações individuais criam as diferenças e tonalizam os graus de firmeza ou fraqueza nas adesões, nas ações reivindicatórias. Tomemos como exemplo os movimentos grevistas: médicos em greve, todos reivindicam melhoria de condições de trabalho e salário, mas com contextos e atitudes individuais diferentes, que vão da acomodação à revolta, atitudes estas, que determinam cooptação ou oposição. As reivindicações sempre estão comprometidas com a divisão do contexto, com as pressões do que apoia/oprime. O patrão que explora é o mesmo que sustenta, a família que apoia é a mesma que limita e assim por diante. Nestes contextos, a flexibilização, a contemporização sã

Submissão

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Submissão é desumanização, processo paulatinamente criado ao longo de vivências familiares e sociais. Não sendo questionada, a submissão cria máquinas pensantes, máquinas que agem, que preparam a vida insatisfatória e violenta, é a alienação consentida. Cuidadas e mantidas por outros, em função dos objetivos destes, as pessoas são endereçadas, são transformadas em vale-realização, vale-promessa dos desejos e interesses de seus mantenedores. De uma maneira geral, as famílias, pais e mães, cuidam e mantêm seus filhos, em função de objetivos próprios, desde os mais amorosos, como “assistir ao seu sucesso e felicidade” , até os mais utilitários, como “alguém que acompanhe e nos assista na velhice” . A submissão a regras, desejos, vontades e interesses do outro, sejam indivíduos, sistemas ou empresas é impeditiva, pois metrifica, avalia, decide e corta, sempre a partir de critérios que não os da pessoa que está à mercê, à margem dos processos. O que apoia, oprime, consequentem

Ampliar e restringir

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Quando regras e limites são estabelecidos, temos ampliação e restrição. O desenvolvimento motor e psicológico do ser humano exemplifica este processo paradoxal. Saindo do restrito espaço familiar, alcançando outros ambientes, outros contextos, a percepção de si, do outro, do próprio espaço é ampliada, tanto quanto se estrutura a percepção de impotência, de medos e inadequações. Este cruzamento de vivências, esta interseção, pontualiza e fragmenta, causando restrições rapidamente qualificadas como familiar, meu e estranho, seu, outro. Este filtro é o referencial que cada vez mais amplia domínios e interesses, tanto quanto padroniza, setoriza vivências. Os contextos relacionais motivantes podem extrapolar, superar regras e limites. O outro já não é visto como semelhante ou diferente, mas sim, como presença, atualidade, independente de comparação. Estes encontros desencadeiam novos processos: é apredizagem, é transcendência onde realmente as vivências são ampliadoras, não são re

Reversibilidade perceptiva

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Tudo muda, desde que nosso contexto de inserção é o movimento, é a dinâmica que existe em tudo e entre todos. O movimento, o processo, a mudança são constantes. No nível perceptivo, tudo que é percebido é passível de reversibilidade, pois também está submetido ao movimento. A relação Figura-Fundo, que define o processo perceptivo, é a própria reversibilidade. Percebemos X no contexto Z; tanto quanto, percebemos Z no contexto X. É exatamente esta reversibilidade que cria contradições à necessidade de constância e regularidade. Deter o impermanente, estabelecendo regras e dogmas, é querer dominar o que é aberto, o que é fluido. Este desejo decorre do autorreferenciamento polarizado em conforto/desconforto, à partir do qual tudo é percebido. É uma maneira de se sentir seguro, tranquilo para conviver com a reversibilidade, a fugacidade do presente, tanto quanto, se constitui em obstáculo para o que ocorre. São sistemas de avaliação do que vale a pena e do que deve ser evitado, q

Vitimização e reivindicações

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A manutenção de qualquer sistema - orgânico ou inorgânico - necessita de entrada e saída, input-output . Sistemas necessitam de um escoadouro, de uma porta onde colocar o resíduo, o lixo. Tanto alimentação, quanto descarte de resíduos, são uma imposição. Sistemas de poder, por exemplo, para manterem-se, necessitam de antítese ao esvaziamento resultante de suas atuações: desenvolvem arremedos de ações comunitárias que aliciam grupos, populações inteiras como massa de manobra e assim evitam a estagnação. A ideia de justiça, que na Inquisição foi abalada pela Igreja, foi também salva através do sacrifício das bruxas. Nas ditaduras, os mesmos que redigem lemas para a segurança nacional são os que torturam, aprisionando, excluíndo, e nesses contextos, vítimas são bode expiatórios, senhas para manter a ordem imposta. Da mesma forma, na dinâmica dos relacionamentos individuais, com infinitas situações e demandas, com níveis de sobrevivência e de existência, os sistemas mediadores são pregna

Derivações

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A reversibilidade, a impermanência, sempre criam separações e exatamente neste processo é que se realiza a honestidade, a desonestidade, a coerência e a incoerência. Posicionados e flutuantes, criamos quimeras, construímos artefatos, que resumem situações e processos. Ao perder de vista estas transposições, perdemos discernimentos; ao não entender, não perceber estas construções, lamentamos ou nos agarramos em seus resíduos, frequentemente ruínas que exibem tentativas e até mesmo outros referenciais de comunicação. Nietzsche escreveu, em 1873, sobre verdade e mentira no sentido extra-moral: “O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que

Esgotamento

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Acuado por todo um processo de sobrevivência aniquiladora e frustrante, o indivíduo se agarra em qualquer apoio, desde que isto signifique sobrevivência, signifique dissimulação necessária para se sentir considerado, adequado, não importa em que parâmetros. Os julgamentos não são feitos em função de verdades, mentiras, honestidade, desonestidade, ao contrário, as conclusões são sempre no sentido do que o deixa bem, com necessidades satisfeitas ou encobrindo carências e falhas vivenciais fragmentadamente expostas. Todo este deslocamento realizado em função da sobrevivência, cria hábitos, marcas, fisionomias, configurações definidoras. É o vício, o que anda sozinho, no automático, sem questionamento ou busca de discernimento dos determinantes das atitudes. O vício é o que identifica. Seja o hábito viciante, seja o conforto da carta marcada que vence o jogo, seja a imagem construída para esconder não aceitações, a  identidade estruturada pelo vício  é definidora do vazio, isto é, de

Malabarismos

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Todos que lidam com a fé, o medo, os desejos e frustrações, sabem como enviesar ângulos para criar distorções responsáveis pelo estabelecimento de confiança, certezas e crenças em relação a mediadores de situações a atingir; agem como prestidigitadores, mágicos para exercer sedução e enganos. Fazer tudo convergir para o que se percebe ser o desejo do outro é uma das maneiras mais eficazes de criar novas configurações responsáveis por inseguranças, tanto quanto, por certezas enganadoras. Distorcer, às vezes, cria ilusões responsáveis por enganos, que viram certezas, verdades inquestionáveis. Neste universo são costuradas mentiras e fabricadas lendas à salvo de qualquer teste verificador/esvaziador; não importa o que é, mas sim, o que se pensa ser, tanto quanto, pouco significa estar enganando ou iludido, o que vale é sonhar, ter esperança - um dos pilares onde malabarismos e trapaças se desenvolvem. Dos heróis nacionais aos apoiadores individuais, da proliferação de religiões

Regras e modas

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Sentir-se bem por estar dentro dos parâmetros, regras e modas vigentes, é uma maneira de se sentir aceito e satisfeito. Exatamente por isto, a questão da aparência é bastante importante, tanto quanto, o consenso demonstrado pela aceitação do grupo. A insegurança, a convicção de ter coisas a esconder, o medo de ter problemas expostos, cria regras e demandas para o disfarce. Conseguir ser aceito pela aparência, pelo que se demonstra e exibe ser, é uma vivência aderente, que não estrutura autonomia, pois resulta sempre do esforço para manipular, agradar e se inserir nas faixas modais de frequência e sintonia expressas por demandas circunstanciais. Manter-se dentro das normas aceitáveis cria adequação, ajuste, assim como medo, fingimento e incerteza. Se por um lado, determina modos de coexistência, por outro, estabelece despistes e mentiras fraudadoras do relacionamento, da comunicação com o outro. Em sistemas, sociedades, situações, onde o esperado é o cumprimento de regras

O acaso

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O acaso pode ser, às vezes, reconfigurador de situações. Tudo que está neutralizado por tensões iguais e constantes é facilmente desequilibrado, modificado. Ser motivado pelo novo, pelo inesperado é um exemplo de acaso como reconfigurador de situações. Acontecimentos súbitos podem desarticular o anteriormente estabelecido: acidentes, mortes trágicas e imprevistas subvertem o existente ao criar novos contextos. Da mesma maneira, encontros inopinados, paixões arrebatam, descontextualizam, transformam situações estáveis, gerando mudanças dinamizadoras ou estagnadoras. A superação do existente frequentemente gera conflitos, que se transformam em obstáculos, tanto quanto em dispersores do novo. Motivação e aversão criam soluções e resistências determinantes de novos comportamentos. No desenvolvimento das relações, atinge-se pontos imobilizadores ou transformadores. Deparar-se com casualidades, perceber o novo, impõe mudança de atitude, entretanto, essa reconfiguração pode negar co

Escuridão

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O todo não é a soma das partes, conhecimento não é acumulação, não é errando que se aprende (ensaio e erro). Achar que tudo depende de significados acumulados, pouco a pouco descobertos, gera ilusão, cria os processos de distorção perceptiva, de ignorância, escurece o mundo. É por apreensão das configurações que se estruturam clareza e nitidez responsáveis por compreensão, decisão e comunicação. Não globalizar o que ocorre, não entender, não perceber seus contextos configuradores gera percepções fragmentadas e parcializadas dos eventos. Sem discernimento, sendo apenas atingido pelo que lhe toca, o indivíduo gerencia os processos às apalpadelas. Pouco a pouco vai diferenciando significados, as conclusões são realizadas pelo somatório de elementos que o atingiram e que só assim significam. Esbarrando, tateando vai descobrindo o que acontece. Neste processo, algumas situações são apoios necessários para permitir entendimento dos acontecimentos. Acredita que amealhar dados vive

Demagogia e ilusão

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Assistir os programas de propaganda eleitoral é assistir manipulação das necessidades e urgências das populações e cidades, transformadas em promessas. Todos falam em melhorias na saúde, educação, segurança, transporte de qualidade, geração de empregos. A transformação do que é necessário, das necessidades intrínsecas ao desenvolvimento social, em "projeto eleitoreiro", equivale ao que acalenta sonhos e ilusões - quando se quer usar e enganar amigos, familiares e amantes - têm os mesmos denominadores. Ao transformar as necessidades em plataforma política, as estratégias marqueteiras alimentam a alienação; abdica-se da reflexão em prol da manipulação para o alcance ou manutenção do poder. Nas não aceitações das impotências individuais se transforma problemas em justificativas, criando motivações alienantes, tanto quanto, se constrói os salvadores da pátria e dos sonhos. Medos, dúvidas e incapacidades no lidar com o cotidiano, no fazer frente ao que aliena e explora,

Confrontos

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Perceber que os outros têm satisfação e conseguem sucesso, geralmente causa inveja, quando não aceitações e metas determinam o dia a dia. Viver comparando e verificando que não consegue o que os outros conseguem, caracteriza o cotidiano dos sobreviventes posicionados em resultados. Decidir que merece mais e que significa além dos padrões estabelecidos, cria expectativas dificilmente realizáveis. Viver em função de realizações gera ansiedade, que por sua vez, impede concentração, impede continuidade, cria vivência fragmentada - consequentemente o presente não é vivenciado -, dificultando atividades onde tanto concentração, quanto continuidade são necessárias. Por exemplo, não se consegue ler ou quando lê, não sabe o que foi lido. A ansiedade tudo apaga, de estudos a desempenhos, tudo fica comprometido. Sempre em função de um marco a atingir, o cotidiano se torna uma eterna competição, e assim, não basta o que se vivencia, o importante é saber se o que se vivencia é melhor e ma

Permanência de contradições desencadeiam acontecimentos

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Em realidade, tudo que acontece, esperado ou inesperado, depende da permanência de contradições. Permanência de contradições é o que permite manter, em um mesmo contexto, todas as variáveis estruturantes do que é focalizado como processo responsável pelos acontecimentos (ou não acontecimentos). Expectativas levam a previsões, que, baseadas em causalidade, distorcem a percepção do presente; por exemplo, morrer será um acontecimento na vida de qualquer pessoa, mas, se perguntarmos quando uma pessoa vai morrer e como, a resposta vai depender da globalização das situações vivenciadas pela pessoa, pela configuração da permanência de contradições que estabelecem vida ou morte e não de conjecturas mágicas ou análises causalistas. Possibilidade, necessidade, contingência e acaso se constituem em explicações do acontecido, do evidente, entretanto, a realização e expectativa de certos acontecimentos é falsamente explicada  pelas possibilidades causais dos mesmos; causalidade e evidência co

Ganância consentida

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Skinner, criador do Condicionamento Operante ( Operant Conditioning ), dizia: “não tente se modificar, modifique seu ambiente” . Aparentemente esta ideia - um dos pilares da cultura norte americana - valida e incentiva o desbravamento, a modificação de tudo que atrapalha, motivando para o confronto e realização social, sendo um dos lemas do self-made man , do indivíduo socialmente realizado. Ao se atribuir condição imutável e perfeita, achando que o passível de mudança é o ambiente, o outro, o além de si, alicerça-se autorreferenciamento, metas, medos e ganâncias. É um engano pensar que realização resulta de impôr-se sobre o ambiente, de controlá-lo e adequá-lo aos próprios interesses e objetivos empreendedores. O empreendedorismo não pode ser um propósito, ele deve surgir do constante diálogo, do questionamento entre o indivíduo e o mundo. Só é possível enfrentar e mudar o mundo, quando há questionamento. O Condicionamento Operante - seus desdobramentos e alicerces sociais -

Confusão - Perversão

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Quebrar a ordem, a congruência e as diferenças existentes é típico das perversões. Confusão resulta de ambiguidade. Não perceber o que está diante em seu próprio contexto estruturante leva às distorções perceptivas, estruturadas principalmente no autorreferenciamento. Frequentemente estas distorções criam ambiguidades, confusões na distinção de dados. As religiões, as psicoterapias, a psiquiatria, ao classificar, procuram resolver estas ambiguidades e estabelecer códigos e normas que permitam diferenciar comportamentos, entretanto, as perversões sempre ultrapassam estes referenciais ao remeter para o indivíduo que transgride estas normas. Que monstruosidade é esta? É uma simples anomalia resultante de condições adversas? Como pode um ser humano seviciar, utilizar para desejos eróticos, o próprio filho? Existem vários mecanismos, socialmente validados, para decidir o que pode ser considerado perversão. Interessante o que nos conta Mary Douglas, citando a obra de Evans-Pritchar

Educação

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A educação é necessária para organizar, sistematizar e desenvolver potencialidades, tanto quanto para “polir arestas”, possibilitando encaixes sociais e civilizatórios. Na reversibilidade dos processos, frequentemente só se consegue isso via matrizes sistêmicas, artefatos que se constituem em formas, receptáculos de contenção que modulam, contêm e reprimem dispersões idiossincráticas e anômalas. Contradições não resolvidas, cerceadas pelos mecanismos educacionais transformam propostas individualizantes em regras massificadas. Hoje em dia, por exemplo, o “mens sana in corpore sano” , os ideais hipocráticos de saúde e estética, as transcendências preocupadas com equilíbrio e o bastar-se a si mesmo do Yoga, as ideias de autonomia e as descobertas psicoterápicas foram transformadas em kits de sobrevivência, moduladores midiáticos e comportamentais, nos quais o como fazer pragmático impera. Educados para sobreviver e conseguir melhor status econômico e poder de manipulação, somo

Aderência indicando imanência

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Toda questão de sintomas, significados e indicações recai neste tópico: aderência como o que aparece (o que é percebido) e imanência como o que não aparece (o que não é percebido). A persistência da idéia de dentro e fora leva à associação de aderente com externo e imanente com interno. Este a priori interfere na percepção, na constatação e cria distorções perceptivas. Contextualizando-se na reversibilidade dos processos, na dinâmica do existente, não há distinção entre interno/externo. Ao perceber um ser humano, não percebemos seu fígado, seu cérebro, salvo se estivermos em aulas de anatomia, fisiologia ou em centros cirúrgicos, onde o fígado, o cérebro são os percebidos e seus possuidores, os seres humanos, tornam-se referenciais remotos, não determinantes do aqui e agora cirúrgico, por exemplo. A reversibilidade perceptiva privilegia, tanto quanto relega ao infinito, algumas constantes caracterizadoras do que ocorre; não considerar este processo cria divisões, unilateralid

Resumos

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Resumos facilitam a globalização ou instalam fragmentação, manipulação, poder. Todo "faça você mesmo" , "pronto para usar” , “não desista nunca” funciona como incentivo para pular etapas, para entender processos como fins úteis, pontes para transpor descontinuidades e vazios. A importância da ligação, dos resumos, geralmente se explica por vivências funcionais ditadas por outras estruturas e motivações diferentes das configuradas como impasses. Resumos de processos dedicados à ampliação de necessidades, habilidades e pontuações são responsáveis pela Babel relacional que vai desde a exaltação das qualidades do novo detergente, até às viradas de opinião graças às habilidades de pessoas demagógicas, as pontuações destacadas pelos selos de qualidade, o IBOPE, as vitórias e resultados conseguidos. Esta manipulação dos processos, estes resumos, criam clichês, estereótipos, geram divisões, preconceitos, fragmentando o processo vital e social. Referências de bom, de r

Propaganda

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Ao longo das épocas, o que se buscou através dos reclames do século retrasado, da propaganda do século passado e da mídia atual foi criar motivações, transformando-as em ferramenta de captação necessária para manutenção e ampliação de mercados (capital - economia), de ideologias (política), assim como criação de paraísos alcançáveis pelo sacrifício, esforço e catequese (religião). Toda vez que a motivação é transformada em vetor, toda vez que ela é desviada para alguma direção alheia aos seus estruturantes, ela é solidificada como instrumento de manobra, perde portanto, a função motivacional - intrinsecamente curiosa, questionante -, virando caminho, trilha para benefício, alívio e satisfação. Imaginemos se no mundo, nas telinhas e telonas, Facebook, Twitter e outras redes, o que aparecesse fossem questionamentos, toques denunciantes do que se escondeu e arrumou? Em outras palavras, imaginemos se em lugar do melhor perfume, cerveja ou iogurte, tivéssemos embates sobre desloca