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Mostrando postagens de abril, 2013

Desconfiança

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Como seres humanos somos sistemas relacionais, pontos de convergência/divergência de inúmeras variáveis, somos necessidades e possibilidades de relacionamento. Viver em função de satisfazer necessidades, posiciona. Esse posicionamento estrutura autorreferenciamento. No autorreferenciamento procura-se verificar conformidades, confrontar regras e padrões, pois acha-se que é isso que une, que gera familiaridade e confiança. A atitude decorrente dessa estruturação autorreferenciada é a avaliação: verificação do outro e dos acontecimentos da vida.  Constantemente medindo e avaliando, consegue decidir, aproveitar o máximo e atingir os ideais familiares e comunitários. Dessa forma, passa-se a viver sem confiar no que ocorre, no que  percebe: nada se explica por si mesmo, tudo deve ser verificado. É a falta de espontaneidade equivalente à pesquisa cadastral e curricular para que se possa entrar em contato com o outro. A confiança assim adquirida é fruto de manipulação e de regras esquema

O cérebro é o outro - Neurociência e elementarismo

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As relações entre físico e psíquico, entre corpo e alma, orgânico e psicológico são padrões conceituais responsáveis por reducionismos dualistas desde Descartes - marco fundamental das investigações psicológicas ditas subjetivas. Atualmente, a Neurociência sobressai-se neste reducionismo dualista ao repaginar William James, que se interessava pelo estudo dos limiares perceptivos, tendo estudado no laboratório de Wundt em 1879. William James foi o criador da teoria das emoções com base fisiológica. Ele dizia: "nos sentimos tristes porque choramos, sentimos raiva por tremermos e não o contrário" , enfim, postulava que era a modificação orgânica, neurológica que criava a emoção. Assim ele validava neurologicamente o que ele chamava de consciência motora * . O princípio isomórfico (isomorfismo) estabelecido por Koehler e Wertheimer em 1912 - psicólogos fundadores da Psicologia da Gestalt - diz que a toda forma neurológica/orgânica corresponde uma forma psicológica; por ex

Avatar

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Relacionamentos com o outro em função de contextos e situações vivenciadas em comum, tendem a se transformar ou a estagnar. As transformações são realizadas pelo processamento, pela continuidade do próprio relacionamento, do diálogo e encontro. Estruturam-se novas dimensões, surgem detalhes e intimidades são estabelecidas. Quando o desenvolvimento relacional é baseado no que se deseja mostrar, manter ou conseguir, não surgem novos contextos relacionais, e ficar dando voltas em torno do mesmo ponto esvazia, monotoniza. É a repetição, é o embaçamento do que poderia ser novo, do que poderia brilhar, do que poderia aparecer. A segurança de ser aceito dentro dos padrões mantidos é tão esvaziadora quanto, por exemplo, o que se vive na esfera da família, na qual o que aparece, muitas vezes, é apenas o apoio institucional da mesma. O indivíduo camuflado, escondendo a si mesmo, é transformado na imagem fabricada, no avatar * escolhido. Essa clandestinidade - contato com o escuso - é

Prazer e tédio

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O pragmatismo é sempre alienador, transforma o humano em um instrumento qualificado para o exercício de funções. Este reducionismo, inicialmente eficiente e prazeroso, torna-se tedioso. A mesmice esgota necessidades e reaviva o limite e consequentemente as metas de ultrapassá-lo. A trilha do processo, quando muito nítida, quebra a reversibilidade perceptiva * . Tudo se torna rígido, claro e limpo e não satisfaz, mas, é a partir desta rigidez que tudo é percebido. Congelar o processo, estabelece o caminho, entretanto, saber que sempre que se deseja se realizará o prazer, gera um mundo dilacerado, estático. Consideremos o que sente um drogado: depois de algum prazer conseguido, o prazer passa a ser significado pelo aplacamento do incômodo do não prazer. A imobilidade pontualiza, fragmenta. A busca do prazer sexual muito cedo, por exemplo, na infância e adolescência, quando outros referenciais estão surgindo que não os de satisfação sexual, é responsável por tédio e esvaziamento