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Mostrando postagens de agosto, 2016

Diferença e estranheza

Diferença e estranheza geralmente são estabelecidas por comparação. Entretanto, esta regra é quebrada, dispensando comparação quando surge o diferente enquanto raro, único, sozinho em uma dada situação. As relações de quantidade e qualidade se impõem na apreciação de diferença e de igualdade. Variação de aspecto, forma e configuração, se muito frequentes, estabelecem campos: os do tipo X , outros do tipo Z , criando também critérios do que é pior, do que é melhor. Estes critérios, por sua vez, se apoiam em outros para estabelecer o que é bom e o que é ruim, por exemplo. Quando existem preconceitos e discriminação racial nas sociedades com predomínio de população negra o branco é ruim, tanto quanto o negro não presta nas sociedades onde se discrimina o ex-escravo ou o ex-colonizado. São os aspectos das diferenças, carregando em si, estruturas sociais e econômicas, sendo, através delas, avaliados e julgados. Não foi sempre assim. Houve um tempo no qual o diferente se impunha por si m

O diálogo nos conecta tanto quanto nos distancia

Toda e qualquer percepção é estruturada, isto é, depende de seu contexto. Esta é a explicação da Lei de Figura/Fundo ( Gestalt Psychology ). A cor verde percebida no contexto de azul é diferente da cor verde percebida no contexto de amarelo, muda o Fundo (azul, amarelo, neste exemplo), muda a percepção do verde. A variação do Fundo muda a percepção da Figura. Transpondo esta lei para escalas mais amplas, para comunicação e interação humanas, por exemplo, verificamos que tudo que é percebido depende de seu contexto, depende de seus estruturantes relacionais - posicionamentos e temporalidade. Os posicionamentos contribuem para o estabelecimento de regras, a priori e expectativas, tanto quanto estabelecem os limites das comunicações e interações. No diálogo, por exemplo, são estruturantes as regras do que se pode falar, do que se deve falar ou não se deve falar, do como e quando falar. As finalidades do diálogo estão sempre subordinadas às necessidades dos mesmos, transformando-os as

Seleções parcializadoras

Ter prévios, dos preconceitos às avaliações, cria uma série de regras e dogmas para o ser humano. Tudo fica submetido às cartilhas, aos protocolos de como agir, e frequentemente são avaliados e verificados o saldo, as perdas e lucros dos comportamentos. É quase impossível agir sem seleção quando os recursos estão cotizados por vantagens e decorrências de suas utilizações. Aproveitar o máximo, minimizar perdas é um obrigatório que enrijece e desmotiva. Vive-se para observar, controlar e captar. A necessidade de acerto, de adequação e aprovação são constantes e para estes observadores, para estes controladores, ter medo não existe, desde que tudo esteja protegido e garantido, daí que o prévio - a vacina que impede tormentos - é fazer a escolha certa em manter o não desperdício. Nada pode ser tentado por tentar; só existe ganhar para não ter o que perder. Esta relação ganho/perda é a espada de Dâmocles que tudo determina. Amarrado à certeza e garantia de que nada vai desequilibrar, nada

Religião - anseio de absoluto

Olhando em volta sem nada compreender devido à parcialização de sua percepção, o ser humano busca organização, busca sentido no estabelecido, no percebido como disperso. Este anseio de ter o infinito dentro de si, de absorver, compactar e entender o mundo, faz com que ele crie deus sob a forma de absoluto que tudo explica. Pensar no absoluto como separado do relativo gera uma ruptura de imensas implicações, quebra a unidade, a polaridade absoluto/relativo. O único absoluto existente é o relativo, ou ainda, deus não está acima ou diante do homem, ele está no homem. O não desenvolvimento das implicações das questões, ao buscar apenas resultados, origina mais dualismos. As religiões organizam o absoluto, um rascunho do mesmo. Rascunhar o absoluto é uma tentativa de separá-lo da ordem reinante e criar sistemas de convergência. Assim, ser religioso, acreditar nas explicações teológicas e teleológicas é eximir-se das próprias percepções, consequentemente, dos próprios pensamentos. É vi