Aceitação do que ocorre

 



Aceitar o que ocorre, mesmo quando limitador e opressivo, é o que permite ultrapassar antagonismos. Aceitar é o ponto de apoio, o fulcro a partir do qual as situações são modificadas, transformadas.

Situações cruéis e extremas, tais como descobrir que o amigo é o inimigo que ameaça, que o pai é o violentador, ou que é a própria mãe quem propicia sua venda ao próximo caminhoneiro por exemplo, tais situações fazem com que se mude de atitude quando se aceita a percepção de que não existe mais o amigo, o pai, a mãe. O que existe são lobos em pele de ovelha, que despistam suas ações perversas na corrida para conseguir seus objetivos. Nessa percepção, o chão, a terra desabam. Essa mudança, a aceitação do que ocorre, perceber que o pai é o monstro que ameaça (no exemplo acima) permite que se lute, fuja, denuncie, enfim, que seja tomada outra atitude. Enfrentar a crueldade do outro é possibilitador de mudança e o enfrentamento só é possível quando se aceita a realidade percebida. Se acomodar à mesma, negando-a, tolerando-a é estabelecer a conivência, a convivência como base, é se destruir como ser humano, como individualidade e continuar vivo para ser moeda de troca, transação que pode trazer sobrevivência, até mesmo prazer, mas que desumaniza e destrói possibilidades.

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