Sonhos Demolidos


 

Estar dedicado à realização de sonhos e desejos cria mapas, roteiros e isso orienta e sequencia o dia a dia, a vida do indivíduo. Os sistemas organizados, bem representados por família, escola e sociedade guardam, atualizam e transmitem esses propósitos chancelados pelos sonhos e desejos individuais. Cuidar do recebido, utilizando a experiência familiar e social amealhada permite diminuir caminhos, evitar volteios repetitivos, leva a seguir o aludido “caminho certo”, atingir resultados, assim como faz estruturar ideia fixa ou obsessão. Nesse contexto, ter que conseguir, não poder falhar, ser o melhor, mesmo no terceiro ou quarto lugar, é decisivo. Quando a busca da vitória não é realizada, começa a surgir o perdedor. Quanto mais o tempo passa, mais as perdas são trabalhadas, estratificadas e consequentemente surge a ideia de fracasso. Essa frustração, o perceber que fracassa, reduz o indivíduo a uma migalha que busca ser colhida e protegida. Nas divisões, nas configurações de certo/errado, vitória/fracasso os polos de imitação existem, e então se busca ficar do lado vitorioso. Ser considerado, protegido, cuidado é um desejo que se impõe. Nesse momento é recomposta a roda que permite a circulação e manutenção da ideia fixa. Não se luta mais por vitória, se luta para não ser abandonado ou excretado do círculo vicioso que tudo mantém enquanto roda viva de ansiedade, medo e angustia. Esse moedor de sonhos atua como um mestre. É a evidência que situa. No entanto, por os pés no chão, seguir a corrente do que é percebido, pode ajudar a desfazer a priori, preconceito, consequentemente, medos e expectativas.

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