Compaixão e dignidade
Detido nos próprios limites, hábil mestre da própria impotência, o ser humano é capaz de perceber o outro, o mundo e a si mesmo, é capaz de sentir compaixão, de ser afetado sinceramente, empaticamente pelo outro.
"As Vinhas da Ira" de John Steinbeck
"David Copperfield" de Charles Dickens
verafelicidade@gmail.com
Não utilizar o semelhante, nem os animais, para satisfazer suas necessidades e conveniências, perceber o medo e o limite alheio é dignidade resultante do estar com o outro compassivamente.
Perceber e aceitar crianças, idosos, menos favorecidos, mais favorecidos, belos e célebres, considerados feios e despropositados é aceitar o outro independente de valorações e conveniências. É ser com o outro.
Canibalizar, vampirizar, utilizar os outros para aplacar, para realizar desejos e metas, desumaniza: surgem midas, zumbis, mestres e discípulos, comandantes e comandados.
Somos todos iguais embora só se valorize o que se destaca, diferencia dentro dos padrões positivamente valorizados. O lugar ao sol, a consagração, o estabelecimento de diferenças que criam escalas, posições e lugares faz com que tudo se transforme em números, valores, domínios - das cadeias alimentares aos perfis sociais e econômicos. Natureza, aves, pássaros, mares e rios e também os semelhantes passam a ser instrumentos que facilitam ou atrapalham, são úteis ou inúteis.
Não havendo compaixão, existe competição, utilização, apropriação, estruturando-se assim, humilhação e crueldades, frequentes em todas as áreas. Como expressa poeticamente, Luiz Gonzaga:
"Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá"
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá"
"As Vinhas da Ira" de John Steinbeck
"David Copperfield" de Charles Dickens
verafelicidade@gmail.com
Vera,
ResponderExcluirA leitura de seus textos é um daqueles raros momentos em que pulamos para fora da roda-viva e somos levados a pensar quem somos de fato, como temos levado a nossa vida enquanto seres humanos, nossa relação com o outro e o mundo e tantas outras coisas essenciais. Uma dose semanal de questionamento e dignidade. Obrigada.
Bjs
Obrigada Ioná, pela presença constante e comentário.
ResponderExcluirBeijos,
Vera
Perfeito, Vera! Como sempre.
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