Amor

A antropomorfização do amor - desde os gregos com o Cupido - é responsável pela construção medieval, renascentista do que se imagina ser amor. Seria o amor, natural ou construído? Este debate continua contemporaneamente, das novelas às teses doutorais, passando pela clínica psicoterápica e também dentro das associações espiritualistas e congregações religiosas.

Amar é uma condição comum a todo ser humano? É uma mágica que surge como atração rápida, fatal? É ilusão, desespero, engano?

Relacionamentos que se mantêm por compromisso, obrigação ou relacionamentos vistos como apoio ou baseados em tolerância são contextos onde amar é confundido com exercer compatibilidades, adequações e acertos, é até mesmo gostar de satisfazer necessidades.

Amor, no sentido compassivo, romântico deve ser entendido como disponibilidade. Ser disponível resulta de se aceitar, de não se perder em limites e metas, padrões configuradores de regras, de erros e acertos. A disponibilidade possibilita perceber o outro enquanto ele próprio. Este sair da contingência, da circunstância é esvaziador pois que neutraliza propósitos. Transcender a si mesmo é a maneira de ficar disponível para o outro, é amor.

Sem reciprocidade, o movimento, a transcendência desaparece nas redes de proteção. O que sustenta, o que apoia, esmaga. Esta fragmentação cria descontinuidade, responsável pela transformação da disponibilidade em compromisso - é o clássico "você é responsável pelo que conquista" de Saint-Exupéry no "Pequeno Príncipe".

Amor não é uma entidade, não é um estado; é resultante, é expressão de disponibilidade. A maneira de eternizar a disponibilidade é pela integração, é o ser com o outro. Esta fusão não se cria, ela é resultante, é configurada além dos seus estruturantes, além do estabelecido.

Amor, liberdade, tranquilidade, disponibilidade são expressões do ser no mundo com o outro sem estar reduzido às necessidades de realização, de manutenção dos encontros.
















- "Eros, Tecelão de Mitos" de Joaquim Brasil Fontes 
- "Amar, Verbo Intransitivo" de Mário de Andrade

verafelicidade@gmail.com

Comentários

  1. Amor é sentir. É sentir na pele o prazer do toque. Quando a pele rejeita, acabou o amor, seja de entrega, de troca, com ou sem paixão. Dependente ou não. É ilusão, é sonho, que terapia (rsrs) alguma controla. Ôô coisa gostosa de sentir....

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  2. Vera, o que é disponibilidade?

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    1. Disponibilidade é o que resulta da pessoa se aceitar, não ter preconceitos, vivenciar o presente sem esquemas a cumprir.

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