Cortes arbitrários do que se vivenciou

 



Os processos estruturados pelas vivências de não aceitação sempre convergem para busca de resultados considerados positivos. Atingir o resultado positivo, evitar o negativo é se considerar e ser considerado vencedor ou vencedora. Buscar resultado é esvaziar cada vez mais as vivências, pois assim não existe continuidade, existem apenas pontos a atingir. A mecanização de processos é o tic-tac, o bate estacas esvaziador. Vive-se para conseguir, para ganhar, para realizar desejos. A vida passa descontínua. É o caminhar pela escuridão para tentar chegar à luz. Supostos paraísos, supostos oásis no deserto vivencial responsável pela estruturação de despersonalizados, robotizados pelo anseio de vitória, pelo medo de fracassar. O que se consegue? Empilhar propósitos realizados ou quase realizados. E isso é o significado das próprias vidas, é o propósito despropositado do existir. É a continuidade transformada em etapas - cortes arbitrários do que se vivenciou. É o vazio baseado nesses propósitos para continuar existindo, é o desespero, é a depressão.

Comentários

  1. Vou fazer um comentário sintético, já que não posso escrever um artigo sobre tema tão vasto: discordo completamente, a opção seria uma morte precoce ou muito sofrimento.

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    1. Este é um blog de psicologia. O tema não é vasto, é bem específico. A opção ao que é descrito no artigo não é “morte precoce ou muito sofrimento”, muito pelo contrário: é a vivência do presente, é a continuidade, é a disponibilidade, o que implica que a vida não precisa ser justificada por realizações, a vida não precisa ser validada, viver é a possibilidade do humano.

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