Capacidades transformadas em limites aniquilam o indivíduo
Seres humanos dispõem de inúmeras capacidades de transformar tudo que está ao seu redor, inclusive de transformar o outro e a si mesmo. Esta constante capacidade de diálogo e transformação, se exerce em função de seus referenciais constituintes. Quanto mais limitado e voltado para sobrevivência, para realização de necessidades, ou quanto mais centrado no que estabelece como prazer, mais autorreferenciado, empenhado na realização de suas necessidades de sobreviver. Nascido e desenvolvendo-se em atmosferas - sociedade e família - onde o valorizado e significativo é o que se consegue, é o que se amealha, o desenvolvimento humano, individual, vai personalizando estas atitudes, mesmo que discordando do que lhe é mostrado.
Um típico exemplo desta configuração é a atitude desleixada do filho em relação aos valores conservadores dos pais, mas, que se mantém totalmente dedicado à manutenção dos propósitos e ideais do grupo vanguardeiro a que pertence, chegando a lutar, discriminar tudo que não se assemelha aos ideais de sua vanguarda. Esta atitude nada mais é que a repetição das idéias conservadoras onde foi educado, onde absorveu critérios, valores e afetos: o que é diferente de nós não pode ser abraçado. Aprendeu assim e assim se porta.
Outra situação onde encontramos o desejo de transformar é aquela relacionada com o próprio corpo. Perceber o corpo como o outro, um objeto submetido a referenciais diversos, principalmente os determinados pela moda e sem diálogo, sem transcender valores, necessitando ser aceito, o individuo procura transformações, ornamentos, ganchos que o segurem ao valorizado. Ter um corpo diferente, embora bem igual ao estabelecido como norma e padrão de beleza, é o objetivo de sua vida. Das marombas aos bisturis, tudo é pretendido e processado. A silhueta conseguida é um desenho amorfo, mas significativo e de garantida inserção nas linhas do sucesso.
É fundamental colocar diante do outro, quer no processo educacional, quer no terapêutico, outros referenciais, possibilidades de mudanças, de diálogo que destruam o autorreferenciamento, os posicionamentos e crie ampliação dos próprios referenciais. A antítese, o outro, o diferente, criam matizes novos ampliadores dos referenciais motivacionais.
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