Mistério e obviedade
Outro dia li no Brihadaranyaka Upanishad 4.2.2 : “The Gods, it seems, love mistery and hates the obvious” (“Os Deuses, aparentemente, amam o mistério e detestam o óbvio”). Não se pode, não se deve amar o óbvio? O explícito é desprezível? O simples deve ser descartado? O raso, o superficial é bobo? Só é dignificado o trabalhoso? O misterioso? O que não se dá e não se oferece? Sempre surgem planos diferentes do que está aí. O aqui-agora fracionado é um ângulo para manter dualidades. O misterioso, o incrível, o indecifrável, o instigante caracterizam o suposto mundo dos deuses. Mistério é o que envolve essa realidade. Não há outro mundo salvo o que percebemos e vivenciamos aqui e agora. O que se apresenta na evidência do encontro é o outro. Perceber é conhecer, conhecer é aproximar, constatar, integrar - amar. Mistério é o suposto, o desconhecido ou imaginado como deslocamento do existente insatisfatório, incompleto e incongruente. Como amar o inexistente? Como amar o