Mistério e obviedade
Outro dia li no Brihadaranyaka Upanishad 4.2.2: “The Gods, it seems, love mistery and hates the obvious” (“Os Deuses, aparentemente, amam o mistério e detestam o óbvio”).
Não se pode, não se deve amar o óbvio? O explícito é desprezível? O simples deve ser descartado? O raso, o superficial é bobo? Só é dignificado o trabalhoso? O misterioso? O que não se dá e não se oferece?
Sempre surgem planos diferentes do que está aí. O aqui-agora fracionado é um ângulo para manter dualidades. O misterioso, o incrível, o indecifrável, o instigante caracterizam o suposto mundo dos deuses. Mistério é o que envolve essa realidade.
Não há outro mundo salvo o que percebemos e vivenciamos aqui e agora.
O que se apresenta na evidência do encontro é o outro. Perceber é conhecer, conhecer é aproximar, constatar, integrar - amar. Mistério é o suposto, o desconhecido ou imaginado como deslocamento do existente insatisfatório, incompleto e incongruente.
Como amar o inexistente? Como amar o não conhecido? Por meio da suposição, da imaginação, da concordância fantasiada, da extrapolação dos dados dispersos. O mistério é um deslocamento de autorreferenciamentos. Seres humanos só podem amar o conhecido, o outro, não podem amar o mistério - a invenção deslocada de suas autorreferências - pois assim encontrariam apenas espelhos. Admitir ou criar o misterioso é dizer que não se vê um palmo adiante do nariz, ou seja, só no espelho alguma coisa cria, acontece e que no resto, o óbvio, o outro, o diferente de mim - é um semelhante - nada significa. Amar é descobrir, é encontrar, ao passo que odiar é comparar, confrontar e se desvalorizar na avaliação.
Quando o relativo é absolutizado, neste momento, o mistério pode ser descoberto. Podemos até dizer que o amor é um mistério, pois o encontro transcende limites e configurações, é quase uma magia, uma fissão de núcleo, enquanto a obviedade do ódio se ampara na insatisfação e frustração decorrente de tudo avaliar, comparar e capitalizar. Nesse sentido, a verdade exala do Upanishad: os Deuses aparentam amar o mistério e detestam o ódio, ou seja, amam o amor, a dificuldade e detestam compromisso e capitalização fácil que fragmentam a unidade do ser (do estar no mundo).
Não se pode, não se deve amar o óbvio? O explícito é desprezível? O simples deve ser descartado? O raso, o superficial é bobo? Só é dignificado o trabalhoso? O misterioso? O que não se dá e não se oferece?
Sempre surgem planos diferentes do que está aí. O aqui-agora fracionado é um ângulo para manter dualidades. O misterioso, o incrível, o indecifrável, o instigante caracterizam o suposto mundo dos deuses. Mistério é o que envolve essa realidade.
Não há outro mundo salvo o que percebemos e vivenciamos aqui e agora.
O que se apresenta na evidência do encontro é o outro. Perceber é conhecer, conhecer é aproximar, constatar, integrar - amar. Mistério é o suposto, o desconhecido ou imaginado como deslocamento do existente insatisfatório, incompleto e incongruente.
Como amar o inexistente? Como amar o não conhecido? Por meio da suposição, da imaginação, da concordância fantasiada, da extrapolação dos dados dispersos. O mistério é um deslocamento de autorreferenciamentos. Seres humanos só podem amar o conhecido, o outro, não podem amar o mistério - a invenção deslocada de suas autorreferências - pois assim encontrariam apenas espelhos. Admitir ou criar o misterioso é dizer que não se vê um palmo adiante do nariz, ou seja, só no espelho alguma coisa cria, acontece e que no resto, o óbvio, o outro, o diferente de mim - é um semelhante - nada significa. Amar é descobrir, é encontrar, ao passo que odiar é comparar, confrontar e se desvalorizar na avaliação.
Quando o relativo é absolutizado, neste momento, o mistério pode ser descoberto. Podemos até dizer que o amor é um mistério, pois o encontro transcende limites e configurações, é quase uma magia, uma fissão de núcleo, enquanto a obviedade do ódio se ampara na insatisfação e frustração decorrente de tudo avaliar, comparar e capitalizar. Nesse sentido, a verdade exala do Upanishad: os Deuses aparentam amar o mistério e detestam o ódio, ou seja, amam o amor, a dificuldade e detestam compromisso e capitalização fácil que fragmentam a unidade do ser (do estar no mundo).
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