Fugir de "zebras" e erros
Buscar resultados, correr para garantir o que virá para o "futuro bom e legal" é quase equivalente a fazer tudo para se amarrar em um poste, um porto seguro que sustenta e ampara.
Olhar para frente, olhar para trás e para os lados, tudo tocar e perceber é um quadro preenchido de informações, mas é também o que anula, o que faz perder o presente e presenças. Captar dados e colher informações abastece para lutas, para decisões, mas nos faz viver para objetivos graças a situações armazenadas, anteriormente estabelecidas.
Quando a vida é difícil, não é a luta, o chegar ao local ameno, ao oásis ou paraíso que traz mudança. A mudança está em perceber porque as contradições não foram resolvidas, porque as perguntas surgem. O que traz mudança é a categorização do desespero e das falhas. Entretanto esse movimento de restauração, de reconfiguração, de retorno é quase impossível.
De olhos vendados, com caminhos bombardeados, não adianta se agarrar em qualquer coisa que se acredita ou que se busca recriar. É como se tudo quebrasse, precisando uma mágica para fazer com que os pedaços sejam encontrados e reutilizados. Catar migalhas, recondicionar lixo, pode às vezes gerar obras de arte, mas jamais são caminhos reencontrados para as trajetórias de mudança.
Bricolages e reciclagens são maravilhosas e fundamentais para objetos, para coisas, mas sempre lesivas ao que é vivo. Para serem aplicadas ao vivo (planta, animais e homens) é necessário destruí-lo, mutilá-lo parcialmente para que se possa operar essa reconfiguração. O vivo se impõe, o humano é sempre imitado, mas nada o substitui, embora ele possa ser encontrado sob estados deteriorados, como na despersonalização por exemplo, que é a frequente aparência humana que esconde o ódio, a maldade, que disfarça o criminoso, o oportunista, um humano que é um produto fabricado em série nas escolas, nas famílias, nas comunidades políticas e religiosas, científicas e filantrópicas. Nesse contexto, infelizmente, às vezes, lutar por dias melhores é alienante.
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