Neutralização de possibilidades
O propósito de atingir uma meta, ou seja, o desejo, aliena. Estar voltado para o ponto almejado anula, secciona e transforma o depois em agora. Essa mágica, essa contravenção, destitui o indivíduo de seus nutrientes, principalmente o presente, que o delimita, o configura, o situa. O pulo para o futuro, para o depois, para o que se ambiciona ou precisa é sempre destruidor, pois transforma o ser humano em cuidador, curador de massas falidas, de pódios almejados.
Abrir mão do que acontece no presente por ser desagradável e frustrante é começar a construção de prisões, "cercadinhos", que além de enjaularem, delimitarem realidades ao servirem de trampolim para realizar ambições, obrigam ao desgastante caminhar e correr nos abismos criados pelas insatisfações. Exemplos cotidianos são vistos na espera e busca de um braço forte, do apoio que tudo suporta, do amor ou encontro que iluminará a existência. A espera desespera, pois estar esvaziado do presente é uma vivência na qual nada significa salvo medos, ansiedades, angustia, fé e esperança.
Comentários
Postar um comentário