Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2024

Antagonismos

Imagem
  Lutar é explicitar o ponto do antagonismo. Quando a contradição consegue cravar, doer, surge espontaneamente reação. Nesse contexto é de estranhar não haver lutas diárias e constantes. Esse estranhamento desaparece quando configuramos ou percebemos os amortecedores. Os processos não são lineares, isso significa que a antítese, a contradição de A pode ser a síntese de B, ou ainda, afirmação de C. Dinâmicas, movimentos são constantes. Não existem fatos isolados, e essa constatação faz com que se entenda que as lutas são contidas por amortecedores. No plano individual, mais especificamente na vida psicológica diária, os deslocamentos, o fazer de conta, as distorções impedem atitudes, impedem questionamentos e assim as vivências escorrem, são diluídas e absorvidas por outros contextos aplacadores. Tudo pode esperar, tudo pode ser adiado, e isso vai ocorrendo de tal forma que a expectativa já não é de mudança, a expectativa é de finalização. Os propósitos, os desejos e

Adversidades

Imagem
  Na busca de reconhecimento, recompensa e afeto, qualquer coisa pode se constituir em obstáculo. Esperar retribuição é o equivalente de cobrar. A atitude de cobrança é uma das características do indivíduo carente. Tudo foi empenhado, muita renúncia foi feita, consequentemente é necessário que isso seja reconhecido, que as recompensas surjam. Essa atitude assemelha-se ao comportamento do “mal amado” e da “mal amada” descritos nas novelas. Diariamente assistimos a decepção das crianças que gritam e que choram, dos homens que agridem seus semelhantes, e reclamam quando não se sentem considerados e obedecidos, e não vamos esquecer também das mágoas comentadas pelas mães quando não recompensadas em seus desejos e anseios. A agressividade é uma das atitudes resultantes das demandas e exigências não atendidas. São esses quadros de carência que isolam os indivíduos, gerando os revoltados. Quanto maior a carência, maior o isolamento, o autorreferenciamento, e consequentemente mais distânci

Problemas

Imagem
    A maioria das pessoas quando se sente constantemente insatisfeita ou com dificuldades imagina que está com algum problema. Geralmente a constatação e demarcação de problemas é feita por meio dos referenciais de desejos não realizados, da observação de realidades insatisfatórias, pois são percebidos no referencial dos próprios medos, ou seja, da não aceitação.   Perceber problemas nem sempre é pelos questionamentos aos mesmos. Essa percepção, via de regra, vem acompanhada de dificuldades, medos e inseguranças. Ter falhado em alguma situação, não conseguir o bom resultado no dia a dia cria ansiedade que leva a não dormir, a ter insônia, ou a viver cansado, sonolento, por exemplo. Tudo isso é vivenciado como sintoma indicativo de problema, de não estar se sentindo bem. E são a ansiedade, a insegurança, o medo, a insônia ou a sonolência que levam a supor a existência de problema. Percebe-se com problema quando as coisas não andam como se deseja que andem. É

Propósitos não unificados

Imagem
    A falta de objetividade gera indecisão. E por que não existe objetividade? Por haver divisão. Querer uma situação, tanto quanto querer a outra antagônica ou diversa só pode ser resolvido quando desejo e propósito são unificados. É unificação do aqui e agora, vivenciando o antes como o criador do depois, e subordinando o agora às resultantes do que o caracteriza e cria divisões. O que está aí, o que está aqui e agora comigo, está aqui e agora comigo, entretanto essa obviedade situacional é percebida como fragmentada. Critérios de vantagens e desvantagens, de dúvidas, destroem a evidência, fazendo com que o que está diante de mim não se transforme em resultado, em crença, em índice indicativo de outros processos. É a dúvida, o medo, a vivência de estar sendo perseguido que passa a se constituir em contextos a partir dos quais tudo é percebido. Não se sabe o que se faz, pois não se sabe o que vai acontecer. Esse medo/desejo é destruidor do que está acontecendo,

Nada pode falhar

Imagem
      Quando a vivência do presente, do encontro, dos problemas é realizada por meio de filtros, dos objetivos e desejos, tudo conflui para ser considerado bom ou ruim. O que vai somar, o que vai diminuir, algo que multiplica, e como se divide, são vivências, são perguntas e dúvidas frequentes. Não se deter no vivenciado, estar sempre verificando o que ameaça ou o que pode acrescentar, é uma vivência redutora de possibilidades. Não se relacionar com o que está acontecendo, esperar sempre o depois redentor ou aplacador transforma o dia a dia em uma espera de certezas. Ser julgado positivo ou negativo vai acontecer a depender do que se faça ou do que não se faça. A vida, as expectativas, a inquietação, a ansiedade, o medo, são subprodutos que emergem e consequentemente esvaziam os encontros, as vivências e as constatações.   A explicitação da revolta, do medo de perder, a torcida para ganhar e conquistar destrói o cotidiano. Nada acontece como acontece. Tudo tem que ser referenciad