Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2025

O enigma do cotidiano

Imagem
    Quando tudo é entendido como dinâmica e energia não se sabe se o que acontece está apenas acontecendo, não se sabe o antes e o depois, pois não há continuidade. Para estar no mundo com o outro enquanto possibilidade relacional não é necessário arrumar e organizar para se situar, e isso é bem diferente das realizações necessárias e contingentes dos próprios desejos e necessidades.   Incerteza é o não saber. Quando o não saber é vivenciado como algo diferente de uma constatação, ele se torna incerteza. Não saber é uma certeza, mas se é continuado enquanto verificação e dúvida transforma-se em um problema. Qualquer situação que não se esgote em si mesma, que continue, encontra outros contextos de referência, de relacionamentos, e passa, desse modo, a ser uma nova situação na qual nada está definido enquanto propósitos anteriores estruturantes.   Confiar no que se acredita estrutura certezas. Vivenciar essas certezas cria continuidades,...

Mentira é a tessitura do terror

Imagem
  Enganar é sonegar, esconder fatos e negar evidências. Forjar situações é o mecanismo que constitui a manipulação do outro. Essa atitude é muito frequente quando se tem por objetivo congregar votos ou opiniões para valorizar e aprovar os próprios projetos. A vida política é um exemplo diário disso. O que assistimos nos jornais, sites , lives e TVs também são comportamentos típicos, pois eles são porta-vozes do poder econômico e político. Arregimentam opinião.   O engano na vida pública já se sabe e é mais fácil questionar, discutir, esclarecer, apesar dos vários grupos e forças antagônicas confundirem propósitos e constatações. A situação fica mais grave quando é restrita à esfera familiar, ou ainda, aos relacionamentos conjugais. Enganar, nesse contexto, é destruir confiança, é transformar mentira em verdade, ilícito em lícito. A sonegação constante da realidade é um abuso inominável. Inventa-se, constrói-se mentiras, criam-se enganos para manter perversidades, cupi...

Insegurança

Imagem
  Sentir-se inseguro é sentir-se mal apoiado, e a questão principal não é ser inseguro, é o precisar de apoio. Usar pessoas ou situações como apoio é transformar o outro em objeto, tanto quanto antropomorfizar objetos e situações, tais como dinheiro, conhecimento, beleza e comunidades para proveito próprio. O inseguro quer ser aceito e para isso utiliza inúmeros artifícios e camuflagens. A mais nefasta é a utilização do grupo, da bandeira de luta que a todos abriga, para ancorar suposta individualidade. O inseguro vive dominado por frustrações e desejos, sua ideia fixa é conseguir, é significar e ser considerado. Daí surge o clássico: “sabe com quem está falando? Sabe o nome do meu pai?” Ou ainda “você está me discriminando por achar que eu sou daquele grupo” , enfim, mesmo quando o inseguro critica ou reivindica, ele lança mão de instrumentos de apoio. Geralmente não se diz: “sou ser humano” . É mais comum ouvirmos: “faço parte do grupo das mulheres, sou ...

Arrependimento

Imagem
  Ter seguido a corrente, ter mantido a linha ou não ter seguido a corrente, não ter mantido a linha, enfim, ter se conduzido de acordo com a própria motivação ou de acordo com a dos outros sempre pode causar arrependimentos.   Tudo que é avaliado possibilita arrependimento. Quando se mede, se compara, se desvitaliza e assim o qualitativo passa a ser quantificado. Essa transformação despersonaliza, pois só é realizada através da negação das próprias vivências. Quando existe vivência de qualquer situação não existe medida nem comparação. A vivência é o presente absoluto, não tem contingência demarcatória. É o viver, o querer, o fazer, é reagir ao que está diante de si enquanto o que está diante de si. Não se compara, nem cogita, não há prolongamentos para antes, nem para depois, não tem margem para arrependimento quando se está inteiro na vivência. Quando há escolha, cogitação e comparação surge a possibilidade de arrependimentos, tais como o de não te...