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Mostrando postagens de outubro, 2025

Vítimas e carrascos

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  Não conseguindo realizar seus desejos e sonhos, muitas pessoas colocam a culpa na sociedade e na educação, ou seja, nos outros. Surgem, desse modo, as vítimas, os frustrados. Essa vivência se caracteriza por inveja, ressentimento e raiva. Transformados em aves de rapina de bico quebrado, nada conseguem, salvo chorar, reclamar e invejar, constituindo o batalhão de ressentidos, agressivos, preconceituosos e discriminadores. De vítimas se transformam em carrascos. Tudo que estiver sob seu controle e ordens é penalizado ora pela humilhação, ora pela exigência de excesso de trabalho. Chefes autoritários e frustrados por não serem os donos da empresa, por exemplo, e donos da empresa insatisfeitos por não serem multinacionais, eles, que não se aceitam e não aceitam a realidade que têm, se comportam como vítimas e como algozes.   Bastaria perceber que, se o mundo que vivenciam, se o que sentem é, por eles próprios, considerado inaceitável, esse estado de não aceitação é que é o ...

Desamparo e soberba

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  As situações antagônicas de desamparo e soberba, ocasionalmente podem   caracterizar algum processo de não aceitação.   Quando não se sente aceito, o indivíduo se percebe sozinho, desamparado, amedrontado, assim como omisso. Eventualmente esse processo é vivenciado e resumido como abandono. Na vivência de abandono surge raiva ou medo. Quando sente raiva é por se perguntar quem o abandonou. Quando sente medo é por sofrer o efeito do abandono sem indagações. Ao interrogar a vivência do abandono ele configura o fato de estar desamparado e isso gera raiva, não aceita ter sido abandonado e, assim, surge a questão: por que fui abandonado? Muitas explicações e razões são atribuídas, até que se esboça uma personificação, uma característica: fui abandonado por ser bonito, por exemplo, ou por ser feio, por ser forte, por dar trabalho. E a partir dessas respostas postuladas é delineada uma particularidade, um traço afirmativo: “sou bonito, sou feio, sou forte”, sou qualque...

Perder a qualidade das vivências despersonaliza

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  Todo limite transposto gera revolta, assim como satisfação. O que é Figura (o que se percebe) é a satisfação. Entretanto, o estruturante dela é a revolta, é a não aceitação do obstáculo. Perceber limites e não integrá-los, seja eliminando-os ou mantendo-os, cria propósitos, metas e métodos de convivência despersonalizados, pois sinalizam adaptação e desadaptação. É esse processo que explica a vivência tão constante da busca por resultado, assim como a vivência do medo em situações já superadas de limites ultrapassados.   A questão não é conseguir, a questão é se libertar. Quando tudo é orientado em função de resultados, de vitórias e performances, a linearidade passa a imperar no cotidiano das pessoas. Vive-se por ou para. O como, o processual é perdido, descontinuado. Tudo é reduzido ao aspecto quantitativo. Perder a qualidade das vivências despersonaliza e gera bem sucedidos ou fracassados. Enfrentar ou desistir são vivências que parcializam, pois são estabelecidas a...

Visibilidade e agilidade

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      A sociedade está mudando com a informatização, as big techs, a inteligência artificial e as redes, enfim, com o aumento da conectividade tudo se processa à velocidade da luz. Não se busca mais construir uma profissão, procurar oportunidades como construção de carreira, o tijolo a tijolo está superado. Estar conectado, estar em rede é a catapulta para o sucesso e realização. É a visibilidade. É o equivalente do velho ditado: “a pessoa certa na hora certa, no lugar certo”. Estar visível só é possível se estiver conectado. Existir em rede é estar em condição de açambarcar tudo que ocorre, que significa e que se quer. Essa agilidade define presença, sucesso e ação. Desde os simples reels às lives e podcasts , o mundo está à mão ou sob os pés.   O que se quer de tudo isso? Geralmente sucesso e dinheiro. Essa busca específica evidencia a ambição, a meta, a ansiedade e desespero que caracterizam a procura do “lugar ao sol”. Hoje, atingir esse lugar é muito m...

Sincronia

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      Sincronizar é coincidir. A sincronia pode ser espontânea ou buscada. É um processo de identificação no qual escolhas são selecionadas para composição e finalização de eventos que se busca sincronizar, criando, inclusive, critérios para que isso ocorra.   No cotidiano, nas vivências afetivas, é comum querer, ou esperar a alma gêmea. Nesse sentido, sincronizar é muito valorizado e considerado. É como se outra realidade, ou outro mundo enviassem aprovação, mensagens que sinalizam acertos, adequação, sincronização com o que acontece.   Estar no mesmo tempo (essa é a etimologia de sincronia, palavra de origem grega) estar junto, agir de acordo, é encontro e também exatidão que funciona como se fosse um aplanador de arestas. A busca do semelhante, do igual, sempre norteou a escolha afetiva, e daí também surgiram os fundamentos de muitos preconceitos. Buscar o igual exclui o diferente. Entender o que é igual, o que é diferente envolve tantas contrad...

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