Desamparo e soberba


 

As situações antagônicas de desamparo e soberba, ocasionalmente podem  caracterizar algum processo de não aceitação.

 

Quando não se sente aceito, o indivíduo se percebe sozinho, desamparado, amedrontado, assim como omisso. Eventualmente esse processo é vivenciado e resumido como abandono. Na vivência de abandono surge raiva ou medo. Quando sente raiva é por se perguntar quem o abandonou. Quando sente medo é por sofrer o efeito do abandono sem indagações. Ao interrogar a vivência do abandono ele configura o fato de estar desamparado e isso gera raiva, não aceita ter sido abandonado e, assim, surge a questão: por que fui abandonado? Muitas explicações e razões são atribuídas, até que se esboça uma personificação, uma característica: fui abandonado por ser bonito, por exemplo, ou por ser feio, por ser forte, por dar trabalho. E a partir dessas respostas postuladas é delineada uma particularidade, um traço afirmativo: “sou bonito, sou feio, sou forte”, sou qualquer coisa que obstaculizou o amparo, que criou o desamparo e essa conclusão passa a ser o padrão, a matriz comportamental exibida. Não se quer simplesmente ser aceito e amparado, se quer ser considerado, ser reconhecido. É a soberba, o orgulho. Grupos sociais discriminados elucidam bastante essa contradição. São criadores de antíteses e mudanças. A soberba é rara, mas quando acontece cria o orgulho que muitos consideram como raiva, como desagradável ou como atitude minoritária.

 

As contradições existem em todos os processo, é a dialética constante neles. Nas vivências terapêuticas é fundamental apreender os pontos de contradição e divisão que configuram os processos da não aceitação.

 

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