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Mostrando postagens de novembro, 2025

Aletheia – verdade, revelação

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      Do ponto de vista da etimologia podemos lidar com a palavra aletheia não apenas como verdade, seu significado na filosofia pré-socrática, mas também como revelação do que existe. Nesse sentido, o prefixo a é a negação e lethe é o esquecimento. Portanto, aletheia , verdade, poder ser entendida como “não esquecido” ou “o que não está escondido”. Na filosofia grega era a resposta ao desvelamento da descoberta entre ser e realidade.   Freud e Heidegger muito exploraram essa ideia, transformando o significado de verdade em praticamente sinônimo da trajetória que consiste em sair do ocultamento: explicitado no inconsciente em Freud e entendido como o desvelamento do ser em Heidegger.   Saindo da polaridade descrita acima, da dualidade entre ser e parecer, realidade e ilusão ou objetividade e subjetividade, dizemos que verdade é o que se explicita. É o enunciado. Ela está sempre contextualizada no diálogo entre indivíduos, no que a...

Akrasia - é a incoerência

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    Há séculos a vontade como uma força propulsora do comportamento é discutida e problematizada na filosofia, principalmente em seu aspecto de contradição, quando, apesar da existência da vontade para agir de determinada maneira, age-se da maneira oposta. São vivências corriqueiras como ter vontade de ler todos os dias, julgar e decidir que se trata de uma atividade enriquecedora, mas, não exercê-la, não ler todos os dias. Ter vontade de parar de fumar, mas, continuar fumando. São inúmeras discussões que giram em torno da relação entre saber-conhecer, vontade e ação. Afinal, por que, mesmo sabendo que algo deve ser feito, não o fazemos e agimos de uma maneira que, nós próprios, consideramos imprópria? A resposta simplória de que se trata de vontade fraca não esgota a questão. Os gregos chamavam essa atitude de akrasia (falta de domínio).   Akrasia poderia ser definida como incoerência, agir contra o que se pensa e deseja. Essa incongruência, essa incoerência, ger...

Parrhesia – falar a verdade

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    Relembrando os gregos, mais especificamente Eurípedes, o poeta trágico autor de Medeia e Electra, falar a verdade, ter coragem de falar francamente é parrhesia . Palavra grega que significa essência, falar tudo ou falar livremente ( pan = tudo e rhesis = fala). Não é a simples liberdade de expressão, é a coragem de dizer a verdade, mesmo correndo riscos pessoais, é mostrar o que acontece, explicitar o implícito.  A noção de parrhesia foi muito divulgada na segunda metade do século XX por Foucault, principalmente quando ele falava do cuidado de si, enfocando a coragem de falar a verdade como uma das características básicas no comportamento social.   Considero que a primeira exigência ou condição para falar a verdade, para exercer integridade é não estar comprometido com resultados, não estar buscando objetivos que exerçam o ocultamento do que ocorre. Ao mostrar, ao falar a verdade, se abre o leque do que está ocorrendo, se apreende mot...

Autarquia é autossuficiência

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  Outro dia, relendo os estoicos, reencontrei a palavra autarquia. Autarquia é autossuficiência desenvolvida como autonomia, independentemente das circunstâncias. Assim como acontece com os objetos, as palavras também mudam, adquirem novos significados a depender dos contextos que as situam e reproduzem. A palavra autarquia, antes estruturada e referida na esfera individual, institucionalizou-se como instância coletiva, pública. Essa mudança começou com Aristóteles em seu livro A Política quando ele fala de autarkeia para caracterizar a autossuficiência da polis – da cidade – e do homem feliz. Ele afirma que autarkeia é necessária   para a constituição da polis. Trata-se do conjunto de cidadãos felizes e autônomos que podiam constituir a polis.   Acontece que o todo não é a soma das partes. Falar em cidadãos felizes, autônomos e autossuficientes como elementos formadores de uma cidade, que seria, assim, também autônoma, autossuficiente e feliz,...

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