Imposições

 


 

Geralmente o encontro funciona como imposição, seja no sentido da continuidade, seja na configuração do obstáculo que destrói ou muda as situações. É a pedra no caminho falada pelo poeta Drummond.

 

Mudança de rumo, descoberta de congruência, validação de motivação, enxurrada de novidades, aberturas infinitas começam com encontros. Os encontros também podem oferecer próximos passos abismais, engolidores de motivações, propósitos e verdades. O encontro sempre transforma, é como uma reação química que muda a estrutura dos corpos, das substâncias, dos elementos químicos. É a irreversibilidade, pois o ser tocado é propiciador de mudança e de descoberta. Reunifica antíteses, transforma teses, que são continuadas em outros contextos em níveis diversos. A diferença entre os valorativos: encontro bom, encontro ruim, encontro construtivo, encontro abismal, dependerá das estruturas de disponibilidade ou de compromisso que estão em jogo, que estão se deparando para o encontro.

 

O encontro é basicamente estruturado pelo acaso, e nesse sentido pode ser integrador, revelador ou pode ser um esbarro, um choque destruidor. As possibilidades ou limitações do mesmo dependerão das estruturas em ação. As dinâmicas de disponibilidade, aceitação, de limites e não aceitações, determinam o que vai acontecer, podendo até mesmo neutralizar o encontro, pois os impermeabilizantes das não aceitações individuais funcionam como impeditivos do que ocorre.

 

Vivemos em encontros, sejam eles percebidos ou não percebidos, que estão referenciados em circunstâncias, em confluências definidoras. São totalidades estruturadas/desestruturadas, ou partes descartáveis tornadas descontínuas pela interferência de a priori ou metas geradoras de certezas, omissões, insegurança e ansiedade.

 

Negar o que ocorre sempre enrijece, neutraliza possibilidades, impedindo abrir, ampliar espaços, e permitindo construir proteção. Enfrentar imposições é gerar caminhos e soluções, mas ignorá-las ao fugir das mesmas é esquivar-se, fazer de conta que nada foi percebido. De nada em nada, se encontra o vazio, o medo, a depressão, os ajustes, a raiva, a impotência e a prepotência.

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