O homem, sempre o mesmo

O homem sempre exerce, no mundo, suas necessidades e possibilidades de relacionamento.

Através do tempo, do ponto de vista psicológico, o homem é sempre o mesmo, assim como o é biologicamente como organismo. Suas carências, suas necessidades, suas motivações (não o conteúdo, mas a estrutura), sua busca do prazer, seus medos, sua aceitação e não-aceitação, sua integração de limites, o enfrentamento da 'realidade' em que vive etc. - enfim, ele é uma estrutura constante através do tempo.

O que muda? ou o que tem mudado? A percepção que se tem do homem, consequentemente, as teorias explicativas (que são históricas e dependem tanto de descobertas quanto de sua adequação ao seu tempo de atuação), os dados culturais (no sentido antropológico de cultura), em outras palavras, as circunstâncias, esse mundo humano resultante da relação homem-mundo.

Um dos males das teorias psicológicas  deterministas, aristotélicas - psicanalise por exemplo - é conceituar o homem como causa ou como resultado. Lembram de quando Freud, Melanie Klein e outros diziam que todo comportamento humano dependerá da relação que se teve com a mãe, seja através do seio, seja através da realização de desejos incestuosos (Édipo)?

Para os psicanalistas, o que determina  o comportamento humano é o inconsciente, com seus grunhidos  de raiva ou aplausos de satisfação diante do que vivenciava. "O demônio no sotão" como dizia Freud ao falar do inconsciente. Pensando assim eles jamais conseguiam perceber  que a  relação não é uma causa ou um resultado.

Para mim, a relação  é  o  estruturante das percepções,  do conhecimento e  das atitudes. A essência do humano é a possibilidade de estabelecer relações, ou melhor, a essência, a característica do ser, é a possibilidade de estabelecer relações.

A relação homem-mundo é sempre a mesma, uma relação. Sem a integração de limites, ocorria e sempre ocorrerão: angústias, ansiedades, medos, invejas, pânicos e estresse. Era assim antes e é assim agora, nos tempos modernos.

O que desumaniza, o que massifica o homem? Fundamentalmente é o posicionamento nas suas necessidades orgânicas (fome, sexo, sede e sono). Ficar reduzido a resolver problemas engendrados por esses contextos é muito alienante, gera medo, ansiedade, ambição, agressividade, revolta etc.

____________________________________

Se você quiser aprofundar esse tema, ele está desenvolvido em meus livros: "Psicoterapia Gestaltista - Conceituações" e "A Questão do Ser, do Si Mesmo e do Eu"













"Psicoterapia Gestaltista - Conceituações", Vera Felicidade A. Campos
"A Questão do Ser, do Si Mesmo e do Eu", Vera Felicidade A. Campos


verafelicidade@gmail.com

Comentários

  1. Vera,
    massa vc fazer um blog !! \o/ \o/!!
    Aproxima as pessoas das suas ideias. Os dois textos estão bem legais de entender, é como ouvir vc falando na terapia!
    Bj
    Natasha.

    ResponderExcluir
  2. Que bom Natasha, pretendo atualizar sempre. Bjs. Vera

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Os mais lidos

Polarização e Asno de Buridan

Oprimidos e submissos

Sonho e mentiras

Formação de identidade

Zeitgeist ou espírito da época

Mistério e obviedade

Misantropo

A ignorância é um sistema

“É milagre ou ciência?”

A possibilidade de transformação é intrínseca às contradições processuais