Agenciamento
Utilizar pessoas e situações para os próprios interesses e conveniências é oportunismo, é transformar a própria incapacidade em condição e em estimulo para usar e roubar. É também aumentar o próprio processo de despersonalização. Em lugar de enfrentar os próprios impedimentos e incapacidades e transformá-los, o indivíduo usa e copia e assim adquire o que lhe falta. Esse processo de uso é a mentira e o engano.
Sociedades e também famílias são basicamente estabelecidas em função de manter os próprios meios, adquirir novos e propiciar melhoras progressivas a seus cidadãos ou membros. Esse propósito, para ser exercido, cria grupos, classes. Divide seus membros seja na sociedade, seja na família. Trata-se, por exemplo, do filho menor ou o mais fraco que precisa receber mais cuidados, transformando-se em alvo que desequilibra por criar divisão de recursos e de olhares, ele pode também ser visto como o improdutivo, o que atrapalha e consome sem produzir. Surgem divisão, tipos, classes, enfim, torna-se necessário agenciar e organizar. A imanência estruturante do grupo, da sociedade, da família é transcendida e, desse modo, o funcional é o pregnante.
Quando as dinâmicas são agenciadas, quando os seus pontos estruturantes são prolongados por outros interesses e motivações, que não os de sua constituição, tudo muda. Exemplos típicos desse procedimento são encontrados nos processos econômicos de colonização: os donos da terra, os detentores dos núcleos constituídos são pulverizados para que nova ordem seja criada. Essa atitude oportunista, adequada para os propósitos colonizadores, existe em todas as áreas, níveis e estruturas, até no indivíduo com ele próprio, que ao se descobrir, por exemplo, belo e sedutor se dedica a aparentar essa característica em detrimento de outras. Quanto mais se é capacitado em uma situação, mais ela é utilizada e ela passa a abrir portas, é a chave mestra que consegue levar ao triunfo, à conquista. Perdidas as chaves, sem instrumentalização, a dinâmica do existir é neutralizada.
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