Constatação




Perceber o que está em volta e constatar a existência de impossibilidades e limites, desanima. Esse desânimo cria questionamentos e restabelece a dinâmica, permitindo aceitação das impossibilidades e limites.

Quando o desânimo não possibilita questionamentos o indivíduo fica entregue às situações que o limitam. Nada é feito, apenas espera que aconteça o estabelecido. Essas vivências são frequentes quando se sabe não ter condições “de virar a mesa”, de “mudar o rumo do barco”.

Constatar a impotência é aniquilante, mas, por outro lado, possibilita a liberdade do não agir, do esperar não esperar. É um antagonismo estruturante, desde que percebido e respeitado. A constatação da impotência e de limites, alivia, permite desviar o rumo, recriar saídas, pois configura mudanças necessárias às manutenções de expectativas falhadas. Constatar é desatar o nó de impossibilidades, tanto quanto entender o enunciado de possibilidades.

Aceitar a perda, o limite (a morte, a doença, o abandono) é constatar situações extremas nas quais o importante é ver o que está sendo visto, é a percepção da percepção, é a constatação, que ao perder universos, ao vê-los sumir, percebe vazios e ausências configuradoras de mudança, talvez liberdade.



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