Individualidade e grupo
Como sobreviver sem o grupo? Sem a família, sem sociedade, sem instituições? São perguntas constantes e implícitas em todo desenvolvimento individual.
O semelhante, o outro é o duplo. O primeiro grupo social é o que o indivíduo forma com ele próprio por meio de posicionamentos representativos de conjuntos e sistemas que o identificam. Ser de uma família, um extrato social, um país são determinantes explicativos de seus limites e poderes. Essa demarcação é indicativa de limites, de compromissos e também de liberdade, possibilidades de transformação.
Já nascemos situados, consequentemente imbricados em todos os sistemas que nos configuram, definem, apoiam e oprimem. São as engrenagens que comprometem, tanto quanto protegem, adaptam e isolam.
Essas bolhas sofrem impactos. Inúmeras variáveis, como guerras e intempéries, criam mudanças. Dos acontecimentos político-econômicos aos climáticos a dinâmica determina e aprimora. Os estáveis são questionados e dinamizados. Das tradicionais configurações familiares às consagradas maneiras de obter o pão cotidiano, tudo passa por modificações. Questões biológicas, questões de supremacia e inferioridade se transformam, se alteram, se retraem ou expandem. As reservas de poder são mescladas para que novos poderes apareçam.
A quebra de posicionamento estabelece novas dinâmicas, novos posicionamentos. É exatamente aí que o ser humano exerce seus comprometimentos ou sua liberdade. Não há uma liberdade absoluta, abstrata, seta solta no ar. Sempre existirão contextos, direções, sinalizações para que se exerça liberdade ou compromisso. Dizer não ao sistema, lutar pela sua transformação é libertário, tanto quanto compromissado.
O fazer por fazer, o agir por agir, a antítese enquanto antítese esgotada nela própria é sempre libertadora. O dizer sim, o dizer não por imposição do apresentado, sem contabilização do resultado, é libertador. É o questionamento, é o se colocar de outra forma, pois as percepções são novas, são diferentes. Esse é o momento no qual o indivíduo ultrapassa seus constituintes, suas posições e limites. Pode ser revolta, pode ser criatividade, pode ser inventividade, mas é sempre o novo. Nesse sentido, dialeticamente processada, liberdade é sempre síntese às teses colocadas pelo compromisso e questionadas pelas antíteses, pelo poder ser diferente, pelo perceber de outro modo que abre caminho e que, assim, enseja a liberdade, síntese possibilitadora de novas teses, novos compromissos. Nesse processo caminhamos, nem nos achando, nem nos perdendo, mas sim estabelecendo compromissos e gerando liberdade.
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