Finalidade

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Existir por existir é considerado um despropósito. O pensamento corrente, principalmente nas áreas psicopedagógicas, é o de que sem propósitos, sem objetivos, nada significa, nada se constrói. Acontece que não há finalidade no existir, pois existir só existe enquanto existência. Buscar finalidade é uma maneira de negar ou absolutizar continuidades, processos. A necessidade de ter controle e poder cria parâmetros destruidores de continuidade. Isso pontualiza, fragmenta, desestrutura contextos estruturadores de apego e de afetos. Fazer tudo convergir para situações julgadas ideais, boas e necessárias, por exemplo, é estabelecer objetivos que pretendem validar e justificar o existir. O fundamento dessa ação é o de que existir não basta. Esse não bastar por si mesmo aniquila espontaneidade e uniformiza vivências. É a vida para depois ou a vida a partir de. São referenciais que enjaulam possibilidades, que despersonalizam em função de necessidades satisfeitas, tarefas cumpridas. Por conseguinte, estar adaptado, ajustado cria couraças, capas protetoras que se tornam o esconderijo de sucesso que tudo permite, e assim surge "agir por baixo dos panos", manter a aparência como desejo máximo. Estando protegido, sendo bem sucedido, é possível realizar tudo que se quer, desde que escondido. Esse esquema, que é comum e marginalizado, é um subproduto do enjaulamento aprisionador que se torna resíduo do humano e, consequentemente, desejos são expressos enquanto anseios proibidos. Prevalece a busca por realizar vontades não permitidas. É como se com regras e proibições fosse criado um universo no qual tudo que é errado, marginalizado e proibido pudesse ser expressado. Raiva, inveja, apego são constantes. É a traição, a perseguição, o incesto que florescem nesse universo onde tudo pode acontecer desde que as aparências sejam mantidas. Em uma sociedade que promove cada vez mais a busca de finalidades, paralelamente cada vez mais é necessária ajuda de instituições para cobrir e coibir esses descalabros, esses transbordamentos do humano.

 

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A ideia de Zeitgeist perpassa a obra de Hegel, pensado como processo histórico. Zeitgeist é um conceito básico e intrigante para compreensão da trajetória, do comportamento humano. A atmosfera da época, o contexto dos anos, existe independente das culturas de cada nação ou é típico das nações mais adiantadas economicamente e passados para as outras. Admitir isto, implica em admitir transformações superestruturais independente de suas infraestruturas. Ocorre que os sistemas, sociedades ou culturas, comunicam-se de diversas maneiras, têm camadas, aspectos relacionados a outros sistemas, sociedades ou culturas diferentes de seus estruturantes. Esta flexibilidade, dinâmica reversível, permite criar denominadores comuns - é a atmosfera, espírito, feições, modas, configurações fundantes à partir das quais frequências são estruturadas e sintonizadas. Processo incrível, permite semelhanças: todas as fotos do século XIX são parecidas; desde a sépia, o resultado daguerreótipo, até as f
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