Sedução
Sedução é manipulação do que se supõe ser a motivação do outro, é encurtar caminhos, criar atalhos para objetivos almejados, enganando seja através de fingimento, seja através de dedicação total. A sedução é sempre um artifício.
Frequentemente sedução é pensada e tratada como uma característica ora boa, ora ruim, expressa pelos seres humanos: pessoas seduzem pela beleza, pela inteligência e também pela falta de tudo isso. É vista como arte ou como dificuldade e até mesmo como dom. Mas, sedução é todo envolvimento proposto determinado a transformar o outro em objeto de dedicação, de cuidado ou em objeto para o exercício das próprias habilidades, enfim, tudo que neutraliza ou mesmo destrói o outro enquanto ser aberto a inúmeras possibilidades.
Estar seduzido é ficar preso aos referenciais por outro elaborado a partir das expectativas ou necessidades do próprio seduzido: siderado, magnetizado pelo que lhe foi colocado, prometido e insinuado, é aliciado, seduzido.
O sedutor corporifica as necessidades e metas do seduzido. Este processo é encontrado em relações familiares, profissionais, afetivas e ainda nas situações político-sociais. Ideologias e carismas construídos, frequentemente seduzem através de suas auras salvadoras e redentoras: lideranças e amores que resultam de acertos, acordos e compatibilidades, são anestesiantes, são posicionamentos estabelecidos, são verdades, mentiras e demandas que delimitam espaços, regiões, feudos que precisam ser defendidos a qualquer preço. Ser seduzido impõe lutas pelo que seduz - é a fidelidade exigida para manutenção dos enganos e apoios.
A sedução só se efetiva em relações contextualizadas na falta de autonomia ou nas necessidades, expectativas e metas do outro.
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- “Don Juan (Narrado por ele Mesmo)" de Peter Handke
- “Juncos” de Juli Zeh
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