Olhar novo

Mudança de atitude é o que caracteriza a reestruturação perceptiva do que ocorre, de si mesmo e/ou do outro. Após questionamentos e vivências de impasses, o ser humano descobre que quanto mais ele se movimenta e se situa nas contingências de sua realidade, de limites e medos (omissão), mais ele se posiciona, perdendo dinâmica. Este posicionamento cria pontos de convergência que passam a ser os polarizantes comportamentais. Vive-se em função do porquê e do para quê. Não há continuidade, não há processo ou estes foram substituídos por expectativas, conveniências, apostas e empenhos.

Perceber que o antes considerado pequeno mundo é o seu mundo e neste sentido é imenso para abrigar todas as possibilidades de interação e configuração, amplia universos. A dinâmica muda, interessa e seduz, desde que independe dos próprios limites, desejos e medos. Descobrir a familiaridade do que antes era vivenciado como estranho é tão motivador quanto ver a estranheza do familiar. Os próprios desejos, sonhos e ilusões são estranhos, desde quando não existem, não têm fisionomia, não têm cor, são sépias mantidas indenes nas estufas/geladeiras do guardado.

Novo é o inesperado. Quando não mais se acreditava em nada que pudesse acontecer, surgem questionamentos geradores de curiosidade, de motivação, que transformam toda a ordem existente. Surge dinâmica, o movimento que faz andar, que faz ver novas paisagens, novos ângulos à partir dos quais as polarizações desaparecem ou mudam, pois não há mais os pontos de convergência, de metas e medos. É quase um milagre! É se descobrir capaz de inúmeras situações, tanto quanto incapaz de outras, é se determinar, é adquirir autonomia, perspectivas que permitem aceitação de limites e dificuldades.

O olhar novo para o mundo, substituindo o eterno novamente - o que repete e mantém frustração - traz dinâmica, cria interação, gera participação. É a transformação do que colapsa e detém, em ânimo e disponibilidade, criando possibilidade de entrega ao outro, a si mesmo e ao mundo.


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