Desvinculação de responsabilidades
Nas vivências autorreferenciadas nas quais tudo se configura em função dos próprios interesses, justiça, solidariedade e responsabilidade em relação às próprias obrigações e deveres não existem.
Na esfera individual isso é problemático e quando desenrolado em ambiente familiar cria muitas dificuldades e abusos. Sociedades doentes, precárias, resultam de famílias doentes no sentido de membros autorreferenciados nos próprios interesses. Os ricos esperam e fazem com que os filhos tenham destaque e sucesso, os ladrões ensinam os filhos a roubar e os pobres/remediados lutam para que os filhos consigam o que eles não tiveram. Não há ideia ou conceito de convivência. O que existe são regras e métodos para conseguir, para se eximir de responsabilidades e de punição.
Nas sociedades latifundiárias grilar as propriedades alheias era e é uma forma de enriquecer e nessas sociedades leis e tribunais foram criados para permitir isso, para absorver e absolver.
Atualmente, a impunidade, os “colarinhos brancos”, a troca de favores, a “carteirada” tudo permitem. Leis não funcionam, existem para ser burladas e seu exercício é um verdadeiro labirinto no qual não há fio de Ariadne para percorrer.
Entregue a si mesmo, sem saber onde vai esbarrar, o indivíduo fica cada vez mais reduzido a ser pisado ou a pisar. Fugir do massacre, utilizar expedientes do opressor são a tônica. Cidadãos de bem, os que mantêm dignidade, são alijados.
Necessário uma terceira margem para que tudo se transforme. Manter-se íntegro é fundamental, o que às vezes só se consegue aceitando a impotência diante do que explora e engana. Nada se pode contra instituição construída para explorar, injustiçar, mas tudo se pode quando se começa a perceber a existência e implicação da mesma. O não fazer parte desses grupos, o agir diferente é o início de antíteses que tudo muda, mesmo quando os poderes estão constituídos para manter essa ordem alienadora espoliadora.
No momento a questão não é “abaixo o capitalismo”, no momento a questão é abaixo a desumanização, abaixo a transformação do ser humano em massa de manobra, processo esse que existe em toda a sociedade: das empresas, instituições, escolas e religiões até às famílias.
Não é o sistema econômico-social que tudo destrói, é a coisificação, a desintegração individual, a transformação do indivíduo em massa de manobra pelo outro, é o transformar-se no próprio desejo, em falta, em meta que cria robôs, peças de engrenagem.
Ok, perfeito, eu sempre achei que o sistema é perverso, por ser manipulado por pessoas perversas. O que você diz parce pedir uma trensformação do indiviíduo no sentido de se humanizar. Como isso pode ser possivel em escala?
ResponderExcluirOi Augusto, responsabilidade, honestidade, autenticidade tudo transformam, da família à sociedade. Lembre que o todo não é a soma das partes. Abraço, Vera
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