Universalidade



Hegel dizia que “o universal é a alma do concreto, ao qual é imanente, sem investimento e igual a si mesmo na multiplicidade e diversidade dele”.

Universo é matéria, consequentemente é o mundo, tanto quanto, estendendo o conceito, podemos dizer que é o homem, é o ser humano. O indivíduo é a individualização do humano, desta especificidade material universal. Aspectos quantitativos nada mudam na imanência. Ser-no-mundo encerra em si aspectos quantitativos que explicitam a universalidade enquanto “alma do concreto”. A alma do concreto não é quantificável, tudo é ela nas suas explicitações que permitem multiplicidade, diversidade que continua a identificá-la, pois sua imanência relacional constitutiva permanece: é a possibilidade de ser que configura a mudança. É a presença que sempre permite configurar sua imanência. Ser humano é a possibilidade de relacionamento. Quando coisificada, transformada em robot, desvitalizada, a pessoa se desindividualiza e é também desindividualizada. Nesse decurso, transformada em robot, em máquina, ela perde sua essência universal, sua “alma do concreto” e as suas roupagens. Investimentos são utilizados a fim de pelo menos manter formas e feições humanas. Esse processo cria monstros: ditadores que matam (Hitler, Stalin etc.), mulheres de plástico, homens de ferro, os bons mestres, os incansáveis companheiros que investem nas aparências e regras a fim de manter o esvaziado, o conquistado, em uma atitude desesperada de esconder a desumanização.

As representações particulares frequentemente escamoteiam os destruidores de vida, alimentados por sangue e crenças individualizantes. Criar o ídolo é criar o mito que tranquilamente se transforma em caverna para esconder imanências universais, para esconder verdades individualizantes.


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