Igualdade e diversidade - alfabetos e leituras

 

Tudo é o que é. Tudo é igual. O que é igual em tudo é a imanência do ser e estar. A diferença - que é o uso dessa igualdade - é feita segundo padrões, percepção individualizada. O indivíduo não cria o mundo, mas ele o costumiza segundo sua própria dimensão. Alfabeto específico, tomando sempre as mesmas imagens, as mesmas palavras, sob formas, sob ícones desfigurados. Mensagens padronizadas que só podem ser lidas por decifradores ou construtores de suas chaves.

Pensar igual, escrever diferente. Sentir do mesmo modo e perceber, expressar de modos diferentes é uma transmutação, uma transliteração mágica e divisória. Preencher o vácuo criando nova forma alenta e destrói identidade.

A diversificação é a magia constante do encontro, é resultante afirmativa deste. Esse paradoxo se revive na homogeneização cultural. Jamais o todo é a soma de partes. Não há como explicar, por mecanismos redutores, o estar no mundo com os outros. Encontro é configuração de variações, rede sistêmica que ultrapassa pontualizações arbitrárias. Incluir é abranger e isso só se dá por meio da transcendência de referenciais contingentes sejam eles individuais, sociais ou culturais. Atualmente, a cultura existe como divisor de águas, nesse sentido ela é muro, impedimento. Transformar em regras e padrões os componentes culturais descentraliza características físicas responsáveis pela explicação de diversidades das várias formas que podem ser assumidas pelos humanos, passando assim a ser conjunto de regras, recursos e características a manter. O igual, quanto mais acentuado, mais se assemelha ao diferente. A opacidade da hegemonia é sempre enganosa, cria reflexos alienantes à medida que não exterioriza o que se é, mas sim o que se projeta e acredita dever ser para manter a homogeneidade do estabelecido. Padrão cultural passa a ser padrão de alienação e discriminação.

A massificação é tão efetiva, principalmente no universo globalizado, que cada vez mais se torna necessária a diferenciação, mesmo que isso quebre padrões culturais, talvez única forma de afirmar a universalidade do humano.

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