"Se eu fosse diferente do que sou, eu seria feliz e satisfeito"
"Se eu fosse diferente do que sou, eu seria feliz e satisfeito"
Essa frase resume as contradições dos processos psicológicos da não aceitação biológica, social e existencial. Deter-se na própria vida, em sua própria existência, em suas condições sociais, econômicas, biológicas, favorecidas ou não favorecidas e resumir que tudo seria bom se fosse diferente, é assumir que o diferente, o não existente configura satisfação, prazer e bem estar. Achar que todo mal-estar é causado pelo cabelo liso, pelo cabelo crespo, pelo nariz afilado como o de um santo barroco, por exemplo, é resumir possibilidades, necessidades, questões existenciais/relacionais a índices, a fatos configuradores de significados além da individualidade. Almejar o que não se tem, como forma de tudo resolver, de ser feliz, é colocar o desejo atendido como realização e satisfação, é a frustração superada. Isso exemplifica a solução de problemas pelo aplacamento e deslocamento de não aceitações estruturadas.
Não se sentir considerado e aceito, quando não se aceita tal vivência, cria atitudes semelhantes a quebra-cabeças, buscas de saídas do labirinto, do enrodilhamento da não aceitação. Buscar saída é uma maneira de negar o problema. Só quando se detém no problema, no estruturante do que desvaloriza, do que aflige é que possibilidades são configuradas e apreendidas. Aceitar a evidência, não contabilizar resultados nem extrapolar vivências de fracasso ou vitória é deter-se no que ocorre. É milagroso, pois traz de volta o mundo, a si mesmo, suas possibilidades e dificuldades. É um encontro, é revelação. Ao descobrir o que se é, se percebe alegria, encontro, felicidade, pois molduras, embalagens, blindagens são removidas. É um processo difícil, demorado, cheio de antíteses e contradições, mas que se consegue por meio do relacionamento com o outro. É o relacionamento terapêutico, o outro enquanto tal que revela o si mesmo, que resgata possibilidades e transforma contradições.
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