Turbilhão
Inseguros, não se aceitando, necessário se torna um constante aval, o carimbo aprovador de pais, professores, amigos, vizinhos, de todos enfim. Não se sabe se o que se faz é o que deve ser feito, se é o que precisa ser feito, se é o que pode ser feito, e desse modo o turbilhão é criado e nele se é sugado, perdido em cogitações: "deve ser feito, pois assim foi ensinado, assim se espera, mas assim é o que eu não consigo". Medo, desespero, sentimento de incapacidade passam a comandar. A vida, o dia a dia se torna um turbilhão onde peças têm que ser encaixadas, têm que encaixar. A autonomia passa a ser apenas olhar resíduos: tabuleiro chutado, tabuleiro escuro, peças díspares. Restos, cinzas, farelos de esperança, de sonhos não realizados, imperam. O lugar no espaço é ocupado por arremedos de seres que são substituídos, seres anódinos, coisificados, paliativos sem autonomia, desde que passam a viver em função de ser aceitos, aprovados, justificados.
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