Presos ao que é garantido
Para inseguros e carentes, confiança e certeza são verificadas diariamente. Nesse contexto, nos deparamos frequentemente com testes de limites, seja a criança imaginando impossibilidades para o seu universo de criança carente, abandonada, seja para o adulto inseguro, que não se aceita e vive aprisionado em regras, dogmas e resultados. Sempre se pensa que a criança precisa de companhia, explicações, respostas, e o adulto precisa de respeito, obediência. Cumprir regras, estar nelas apoiado traz segurança. Mas, apoiar-se no que segura é um dos mais instáveis equilíbrios. Externalizar o centro constituinte é criar apêndices. Essas separações dilaceram ao ampliar. Toda vez que se consegue bons resultados, se consegue também padrões, regras e metas a manter, a cumprir. O indivíduo preso ao necessário contingencia o essencial. Esse processo absurdo transforma intrínseco em aderente, e só é conseguido pela despersonalização. O híbrido aí criado é um somatório sintomático de não aceitações, às vezes até percebido por muitos como digno, mas no decorrer do processo é logo visto como obsoleto por filhos, empregados, mestres e psicoterapeutas, e facilmente inserido no horizonte estereotipado do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço".
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