Construção e educação

 

 

 

Imaginar que o ser humano é vitorioso quando consegue construir o mundo que deseja, ou quando consegue realizar seus sonhos e anseios é uma visão pragmática que subestima o ser no mundo.

 

A ideia de artífice, de realizador de projetos está subordinada à crença do ter sido criado por Deus, responsável pela realização de projetos. Seguir o projeto idealizado, a construção e realização dos desejos, é sempre um espaço além do próprio homem, e também sugere uma vitória sobre os males do mundo. Essa ideia, aparentemente boa, soçobra em sua própria criação dualista, estigmatizadora e finalista. Para ser redimido dos pecados originais, para melhorar a sua fraqueza, o homem tem que, e deve, construir algo que se constituirá no passaporte para uma situação na qual ele não se basta a si mesmo, pois sua autonomia está ancorada nos resultados dos projetos.

 

Supor utilidades como definidoras do estar no mundo é massificador. O homem não precisa de redenção de seus atos, o homem precisa de explicitação de seus atos, de sua autonomia. Estar no mundo com os outros é definidor do ser humano, é um substantivo que dispensa adjetivação.

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