Escuridão
O todo não é a soma das partes, conhecimento não é acumulação, não é errando que se aprende (ensaio e erro). Achar que tudo depende de significados acumulados, pouco a pouco
descobertos, gera ilusão, cria os processos de distorção perceptiva, de
ignorância, escurece o mundo.
É por apreensão das configurações que se estruturam clareza e nitidez responsáveis por compreensão, decisão e comunicação.
Não globalizar o que ocorre, não entender, não perceber seus contextos configuradores gera percepções fragmentadas e parcializadas dos eventos. Sem discernimento, sendo apenas atingido pelo que lhe toca, o indivíduo gerencia os processos às apalpadelas. Pouco a pouco vai diferenciando significados, as conclusões são realizadas pelo somatório de elementos que o atingiram e que só assim significam. Esbarrando, tateando vai descobrindo o que acontece. Neste processo, algumas situações são apoios necessários para permitir entendimento dos acontecimentos. Acredita que amealhar dados vivenciais, somar referências, experiências, permitirá estabelecer códigos e verdades para a vida. O acúmulo das pequenas experiências, a parcialização é gerenciada para conclusões orientadoras, que surgem sem globalização, apenas somando vivências, que passam a servir de normas, de referências para a vida.
Decidir, escolher e resolver, em função da satisfação de necessidades sobreviventes, é a norma do comportamento parcializado, autorreferenciado. No escuro das necessidades, segue-se a promessa que acene satisfazer necessidades, não se enxerga atitudes, não se percebe implicações, tampouco as configurações do que ocorre ou do que é prometido. Na escuridão, segue-se o que leva para alguma direção, só se enxerga saídas e impedimentos. Tudo é homogeneizado em função do que se busca. Esbarrões e tropeços servem como indicação do procurado e assim, através de tentativas, se esboçam caminhos, decisões - a partir de parcializações - que direcionam a escolha de situações cotidianas, de relacionamentos, de profissão, de governantes e até o que vai definir e dar sentido à própria vida.
- "A morte de Empédocles" de Friedrich Hölderlin
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