Deslocamentos da não aceitação
Durante os deslocamentos da não aceitação podem acontecer situações aparentemente paradoxais, difíceis de serem pensadas como deslocamento graças ao caráter contraditório que apresentam, mas que funcionam como drenos de tensão, de alívio, sendo, portanto, consequentes deslocamentos de conflitos e dificuldades geradas pela não aceitação de problemas.
Nas vivências extremas destes deslocamentos, destas não aceitações, a psicoterapia pode ser também configurada como situação de não aceitação. O cliente não aceita ter medos, ter conflitos e dificuldades, fala de seus problemas, mas não aceita ser questionado, não aceita não ser aceito pelo terapeuta. Ao perceber que o terapeuta, através de questionamentos e constatação dos deslocamentos de problemas, mostra que ele cliente não se aceita, enuncia que ele embaralha narrativas e desloca, ele, então, se sente aceito ao ser flagrado, ao ser descoberto nos próprios relatos. Esta vivência de constatação funciona como apoio, ela é também o encontro com um outro que passa a estruturá-lo como pessoa viva, diferente das imagens e máscaras criadas construídas e exercidas em sua despersonalização desumanizada.
Este encontro através da relação psicoterápica é humanizador, mas como está contextualizado em deslocamentos da não aceitação dos próprios problemas, se transforma em apoio e é utilizado como mais uma situação de deslocamento. A terapia é, então, o que permite sobreviver e colocá-la no contexto de sobrevivência é transformar possibilidades em necessidades. Este contingenciamento gera esgotamento da disponibilidade, da espontaneidade, da possibilidade de mudança. A matéria-prima relacional é tranformada em parâmetro de segurança, em compromisso e apoio.
Neste caso, aparentemente a psicoterapia nada conseguiu no sentido de transformar o processo de não aceitação, entretanto, tudo foi transformado: já não há deslocamento de não aceitação, já não há apoio, o que existe é a manutenção do problema sem deslocamentos e aí as contradições e complicações se instalam, pois, se por um lado a psicoterapia é usada para manter, por outro lado o dinheiro, o tempo e desgaste que custa esta manutenção são atritos esfoliantes, excruciantes.
Resolver ser terapeutizado e ao mesmo tempo manter os problemas é contraditório com o que significa fazer uma terapia, isto é, buscar mudanças, atingir solução de problemas. Esta contradição destrói os posicionamentos, os pontos de apoio, tanto quanto expõe a total submissão ao que problematiza e desumaniza. O esclarecimento, fruto da percepção desta dinâmica, equivale a ter, na psicoterapia, uma segunda pele, na realidade a primeira, que aglutina e envolve pedaços, restos dilacerados. Integrando a psicoterapia, o indivíduo pode se perceber de uma maneira nova, aceitando seus problemas, já não os desloca embora se mantenha no impasse de com eles conviver caso existam outras forças, outras margens. A terceira margem, o outro que transforma impasses, é o mesmo que os denuncia. Perceber isto traz a descoberta de que só através da aceitação dos próprios problemas, da aceitação da não aceitação dos mesmos é que se consegue acabar com a submissão a tudo que desumaniza.
O processo de deslocamento da não aceitação, quando questionado, muitas vezes é transformado na manutenção do que problematiza e esta percepção do que impede e aliena gera antíteses, contradições. Estas contradições criam mudanças, novas percepções, evitando assim, depressão, crises de pânico, medos imobilizadores, evitando a “aceitação” comprometida com o que vai destruir e alienar, mesmo quando propicia prazer e bem-estar.
Nas vivências extremas destes deslocamentos, destas não aceitações, a psicoterapia pode ser também configurada como situação de não aceitação. O cliente não aceita ter medos, ter conflitos e dificuldades, fala de seus problemas, mas não aceita ser questionado, não aceita não ser aceito pelo terapeuta. Ao perceber que o terapeuta, através de questionamentos e constatação dos deslocamentos de problemas, mostra que ele cliente não se aceita, enuncia que ele embaralha narrativas e desloca, ele, então, se sente aceito ao ser flagrado, ao ser descoberto nos próprios relatos. Esta vivência de constatação funciona como apoio, ela é também o encontro com um outro que passa a estruturá-lo como pessoa viva, diferente das imagens e máscaras criadas construídas e exercidas em sua despersonalização desumanizada.
Este encontro através da relação psicoterápica é humanizador, mas como está contextualizado em deslocamentos da não aceitação dos próprios problemas, se transforma em apoio e é utilizado como mais uma situação de deslocamento. A terapia é, então, o que permite sobreviver e colocá-la no contexto de sobrevivência é transformar possibilidades em necessidades. Este contingenciamento gera esgotamento da disponibilidade, da espontaneidade, da possibilidade de mudança. A matéria-prima relacional é tranformada em parâmetro de segurança, em compromisso e apoio.
Neste caso, aparentemente a psicoterapia nada conseguiu no sentido de transformar o processo de não aceitação, entretanto, tudo foi transformado: já não há deslocamento de não aceitação, já não há apoio, o que existe é a manutenção do problema sem deslocamentos e aí as contradições e complicações se instalam, pois, se por um lado a psicoterapia é usada para manter, por outro lado o dinheiro, o tempo e desgaste que custa esta manutenção são atritos esfoliantes, excruciantes.
Resolver ser terapeutizado e ao mesmo tempo manter os problemas é contraditório com o que significa fazer uma terapia, isto é, buscar mudanças, atingir solução de problemas. Esta contradição destrói os posicionamentos, os pontos de apoio, tanto quanto expõe a total submissão ao que problematiza e desumaniza. O esclarecimento, fruto da percepção desta dinâmica, equivale a ter, na psicoterapia, uma segunda pele, na realidade a primeira, que aglutina e envolve pedaços, restos dilacerados. Integrando a psicoterapia, o indivíduo pode se perceber de uma maneira nova, aceitando seus problemas, já não os desloca embora se mantenha no impasse de com eles conviver caso existam outras forças, outras margens. A terceira margem, o outro que transforma impasses, é o mesmo que os denuncia. Perceber isto traz a descoberta de que só através da aceitação dos próprios problemas, da aceitação da não aceitação dos mesmos é que se consegue acabar com a submissão a tudo que desumaniza.
O processo de deslocamento da não aceitação, quando questionado, muitas vezes é transformado na manutenção do que problematiza e esta percepção do que impede e aliena gera antíteses, contradições. Estas contradições criam mudanças, novas percepções, evitando assim, depressão, crises de pânico, medos imobilizadores, evitando a “aceitação” comprometida com o que vai destruir e alienar, mesmo quando propicia prazer e bem-estar.
verafelicidade@gmail.com
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