Escapatórias
Diante de impasses ou opressões os indivíduos buscam espaço para respirar e sobreviver. É o deslocamento. Densificar esse anseio é necessário e assim amuletos e preces surgem. Alguém vai ajudar, alguém vai libertar. Fórmulas mágicas podem criar super heróis, Hulks, Golems que tudo resolvem.
O que foi criado não obedece ao seu criador desde que ele é fruto de desesperos e impasses, ele é apenas uma quimera. Um sonho. O príncipe encantado que vai tirar da pobreza, o bem amado que vai surgir para acalentar e acompanhar as noites vazias são esperas constantes. Vive-se para realizar o sonho. Tanta dedicação ao não existente cria cogitações, fantasias e assim o que se necessita que apareça começa a povoar sonhos e delírios. Exigências de fidelidade, provas de crença são frequentes. O dia a dia é preenchido pelas preocupações de quando o eleito aparecer, “quando o carnaval chegar”, quando o mundo mudar. Desde a constante espera da noite feliz de natal até o regozijo pelas eternas esperanças renovadas, a vida segue, prossegue até que se perceba que a escapatória é o não escapar, é o sobreviver… para escapar. E assim a vida continua na esperança contínua que se adia, no eterno adiar que se espera ou como falava o poeta Raul de Leoni:
“E a Vida passa... efêmera e vazia;
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia…”
Numa eterna esperança que se adia…”
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