Solidariedade

 




Solidariedade é a ampliação de si pelo reconhecimento do que é familiar: o outro que continua sentidos e direções. Incluir-se em grupos, fazer parte da humanidade cria solidariedade. Atualmente a desumanização - a alienação do humano - torna difícil o exercício da solidariedade. Agir por tabela, ajudar a quem precisa porque sempre se ajuda a quem precisa, cria um direcionamento contingente negador da própria solidariedade, pois nesse esquematismo falta humanidade, sobra ação contingente, mecânica e utilitária.

Ser solidário é ser com o outro, é continuar-se.

As pontualizações de mecanismos alienantes muitas vezes transformam a solidariedade em uma sequência de ações alienadoras. Bastar ver campanhas para ser solidário é como se a aderência prevalecesse sobre a imanência.

Ajudar não é seguir uma receita ou uma rota; é necessário criá-la independente de campanhas e aplausos. O voltar-se para os sentimentos de amizade, compaixão e boa vontade independe e é indiferente à felicidade, necessidade, virtudes, pecados ou vício das criaturas. Não existe valor na solidariedade, existe apenas fatos, acontecimentos que precisam ser contornados. O frio ou a fome, o medo, o desespero devem ser neutralizados independente de quem os sintam. Estabelecer diferenças é como criar o "quem tem direito, quem não tem". Essa diferenciação aniquila os atos que se pretendiam solidários, pois partem de valores, considerações discriminatórias. É impossível avaliar quem precisa mais, ou quem precisa menos, essa atitude abre a porta para critérios e preconceitos.

Solidário é o que ampara, que assiste diante do inesperado, do calamitoso, do questionante.

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