Compactação e contingência



Reduzido aos estímulos do ambiente que o cerca o indivíduo constrói suas redes protetoras. Tudo é junção e encaminhamento de pontos, interseção de motivações, variação de narrativas e propósitos. Aos poucos suas motivações são transformadas em respostas pontualizadas ao que acontece. Guiado pelas circunstâncias, pelas contingências, ele ri ou chora conforme tambores agudos ou címbalos discretos. Quando a motivação é transformada em resposta estruturada pelas contingências, ela não é mais a pergunta que tece redes, que rascunha caminhos e decisões. Seguir a própria marcha, manter-se coeso e determinado pode ser alienador, pois pode decorrer de uma deliberação prévia: como sobreviver.

Qualquer prévio, qualquer pergunta que busque resposta como definidora de caminhos, está comprometida. O compromisso organiza, mas é também o preto e branco entediante, é o sistema sobrepondo-se ao sistematizado, a família sobrepondo-se ao indivíduo, o grupo sobrepondo-se à unidade, o esperado sobrepondo-se à surpresa. Os caminhos são então configurados pela determinação de realizar objetivos, propósitos e sonhos, e esses estruturantes, consequentemente, nesse processo, tornam os caminhos ultrapassáveis. Eles são tragados pelas novas situações que surgem, pelo fluir incessante do estar no mundo, onde somente a vivência do presente estrutura possibilidades comportamentais e possibilita o constante surgimento de novos caminhos.

O questionamento, a constatação mantêm a reversibilidade processual, mantêm o humano, impedem que ele vire super humano ou sub humano.

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