Embates
O todo não é a soma de suas partes. Tudo é contínuo, entretanto, nem sempre essa continuidade, essa totalidade é percebida, pois se tornam enfáticos alguns aspectos que a configuram. É exatamente essa parcialização que cria partes, grupos e partidários. Na França, logo após a Revolução Francesa, nas assembleias de decisões parlamentares se organizou os dois principais grupos sociais oponentes à esquerda e à direita do orador principal, e foi assim que esses termos "esquerda" e "direita" entraram no debate político. Com o passar do tempo, extrapolando esse contexto específico e ganhando adjetivos (como bom/ruim, legal/ilegal), os dois termos permanecem até os dias atuais, quebrando uma totalidade e criando outras.
As dinâmicas são infinitas, sempre o todo cria outro todo. É o clássico exemplo do mercúrio, metal líquido cuja gota ao cair cria infinitas outras, iguais entre si e diferentes pelo espaço que ocupam, a alteridade é dada pela divisão. Os iguais brigam, se completam, se dividem. A polarização luta, gera divisão e fundamental estranheza. Tudo que dissocia, destrói. Partir, dividir é uma forma de tornar irrecuperável o que unifica, tanto quanto cria possibilidades de novas configurações. Se nos detivermos na dinâmica, na continuidade e mudança é fundamental polarizar. Se nos detivermos na unidade, na polarização e descontinuidade é fundamental recuperar, reunir o anteriormente unido. Voltas em torno do mesmo ponto sempre acenam com mudança, tanto quanto com manutenção. As constantes configuradoras dos processos é que permitem esclarecimento - é o devir.
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